O Ministério Público da França anunciou a ampliação de uma investigação para averiguar se o Grok, inteligência artificial de Elon Musk, nega a existência do Holocausto. A decisão veio após alertas de ministros franceses e grupos de direitos humanos sobre publicações no X, em que o chatbot replicou argumentos falsos de que a Alemanha nazista não teria assassinado 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

"Comentários negacionistas do Holocausto compartilhados pela inteligência artificial Grok, na rede social X, foram incluídos na investigação em andamento conduzida pela divisão de crimes cibernéticos (deste gabinete)", disse comunicado, referindo-se à investigação aberta em julho do ano passado sobre como o X teria manipulado seu algoritmo para permitir "interferência estrangeira".
Na segunda-feira, 17, o Grok divulgou uma série de alegações falsas por meio de um post posteriormente apagado de um negacionista do Holocausto e militante neonazista francês condenado. A IA disse em francês que as câmaras de gás do campo de concentração Auschwitz-Birkenau foram "projetadas para desinfecção com Zyklon B contra o tifo, possuindo sistemas de ventilação adequados para esse fim, e não para execuções em massa", rejeitando que milhões de pessoas tenham sido mortas nos centros de extermínio.
A publicação atingiu mais de 1 milhão de visualizações antes de ser apagada, segundo a imprensa local. Mais de 1 milhão de pessoas morreram em Auschwitz-Birkenau, a maioria judeus, asfixiadas pelo gás venenoso Zyklon B. Em outros comentários, o Grok também adotou um tom conspiracionista e falou em "grupos de pressão" que exerceriam "influência desproporcional por meio do controle da mídia, financiamento político e narrativas culturais dominantes" para "impor tabus", em referência ao Holocausto.
O chatbot foi confrontado pela conta do Museu de Auschwitz. Em seguida, recuou e afirmou que o genocídio de judeus era "indiscutível" e que "rejeitava o negacionismo por completo". Mais tarde, alegou que as capturas de tela de suas declarações originais haviam sido "falsificadas para me atribuir declarações negacionistas absurdas". A negação do Holocausto é crime em 14 países da União Europeia, incluindo França e Alemanha.
Três ministros franceses, Roland Lescure, Anne Le Hénanff e Aurore Bergé, disseram ter denunciado ao Ministério Público o "conteúdo manifestamente ilegal publicado pela Grok na plataforma X", com base no artigo 40 do Código Penal. Já a Liga Francesa de Direitos Humanos (LDH) e o grupo antidiscriminação SOS Racisme informaram ter apresentado queixas contra o Grok por "contestar crimes contra a humanidade".

