Fontes diplomáticas americanas consideram altamente provável um ataque militar dos Estados Unidos ao território venezuelano. Em meio à tensão crescente no Caribe, elas apontam dois sinais: ninguém movimenta o porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior e mais moderno da Marinha dos EUA, sem uma razão militar relevante; além disso, seria difícil justificar um gasto de milhões de dólares sem apresentar resultado concreto.
Sobre quando isso poderia ocorrer, as mesmas fontes olham para a rota do porta-aviões. O grupo de ataque do Ford, em deslocamento rumo ao Caribe, já passou pelo Estreito de Gibraltar e deve chegar à região nos próximos dias, segundo rastreamento naval e informações do Departamento de Defesa dos EUA. Sites especializados falaram em possível atraso, mas não há confirmação oficial.
Uma das fontes descreveu a presença militar americana no Caribe como inédita e fez uma leitura política do cenário que pode se formar.
"Diferentemente do secretário de Estado, Marco Rubio, o presidente americano não prioriza uma mudança de regime. O que Trump quer é um ataque certeiro, que dê uma imagem vitoriosa ao mundo em matéria de combate ao narcotráfico, porque essa foi a promessa que ele fez aos americanos. Se haverá ou não mudança de regime não é sua principal preocupação", disse a fonte.
Seguindo essa linha, um ataque poderia levar militares chavistas e seus aliados cubanos, russos e iranianos a promoverem o afastamento de Maduro e uma mudança interna, sem necessariamente alterar o regime. Uma fonte foi clara nesse ponto.
"Se Trump atacar e o regime não cair, a oposição será aniquilada. Haverá um clima de caos, violência, fortalecimento de guerrilhas como o Exército de Liberação Nacional (ELN), e enfraquecimento da oposição, que passará a ser mais perseguida".
Nesse cenário, a Colômbia de Gustavo Petro também sentiria impactos negativos.
O governo Trump sustenta a narrativa de que as drogas que chegam ao mercado americano, principalmente o fentanil, são produzidas e distribuídas a partir de países como México, Venezuela e Colômbia, e que o México, fora do foco agora, pode entrar no radar depois. Qualquer ação, frisou uma das fontes, buscaria "mostrar aos americanos que o presidente está lutando contra as bases de onde sai a droga que mata cidadãos americanos, como ele costuma dizer".
Quando diplomatas imaginam um ataque dos EUA à Venezuela, a imagem que surge é a da ofensiva americana ao Irã em junho deste ano, quando teriam sido atingidas, segundo a Casa Branca, as três principais instalações nucleares do país: Fordow, Natanz e Isfahan.
"Trump quer entrar e sair, não quer ficar na Venezuela numa guerra que pode terminar sendo um desastre", frisou uma das fontes consultadas.
O alvo de uma eventual ação também é tema de especulação: laboratórios de drogas, aviões usados no transporte ou alguma instalação ligada ao narcotráfico.
Nesse contexto, a reunião de chefes de Estado e representantes da Cúpula de Estados Latino-americanos e Caribenhos e da União Europeia é vista, em Washington, como quase irrelevante. Há a percepção de que o Brasil perdeu liderança regional e de que o presidente Lula não conseguiu reverter o quadro; também se diz que governos de esquerda pouco fizeram além de declarações públicas para mudar a política venezuelana, crítica lançada principalmente ao Brasil, segundo vozes ouvidas na capital americana.

