A anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro chegou ao seu ponto decisivo no Congresso. Lideranças da oposição e do governo reconhecem que, se a proposta não entrar na pauta ainda nesta semana, dificilmente voltará a ser discutida neste ano.
O tema, que já vinha perdendo fôlego, foi praticamente paralisado após o encontro entre Lula e Donald Trump na Malásia, que reconfigurou o ambiente político e diplomático.
Integrantes da articulação do Planalto avaliam que a reunião reduziu ainda mais o ímpeto da base bolsonarista. Entre opositores, cresce a leitura de que o Brasil pode sair do encontro com novos acordos econômicos e até possíveis sinalizações sobre sanções internacionais, tornando inoportuna a insistência na pauta da anistia.
Enquanto isso, o Centrão concentra esforços em recompor o orçamento e liberar emendas. A prioridade de Arthur Lira é estabilizar as negociações com o Planalto, deixando a anistia em segundo plano. Para o governo, o esvaziamento natural da proposta evita novo confronto com o Supremo Tribunal Federal.
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), ainda tenta uma cartada final para levar o tema à reunião de líderes. "Quero incluir na reunião de líderes na quinta, para votar na outra semana", disse. Ele admite a corrida contra o tempo: "Pra mim, tem que entrar agora. Essa semana é o prazo limite."
Uma fonte próxima ao presidente da Câmara, Hugo Motta, disse em caráter reservado que "não será essa semana" que a anistia será pautada.
Mesmo com a pressão da oposição, a avaliação entre aliados e adversários é a mesma: a anistia chegou ao seu limite. Se não avançar agora, tende a sair de cena e só voltará em um novo contexto político, provavelmente em 2026 como bandeira eleitoral.
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