Arroto de boi em queda: sistema da Amazônia corta metano e agrotóxicos
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📅 20/11/2025

Arroto de boi em queda: sistema da Amazônia corta metano e agrotóxicos

Criado pela Embrapa, o Sistema Guaxupé usa amendoim forrageiro para reduzir emissões de metano, melhorar a produtividade e diminuir o uso de herbicidas. A adoção pede solo úmido, planejamento e investimento inicial maior.

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Ronny Teles

Ronny Teles

Combatente pela democracia

O arroto do boi pesa no aquecimento global, mas uma solução brasileira promete virar o jogo.

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Desenvolvido na Amazônia, o Sistema Guaxupé reduz a emissão de metano do gado e ainda melhora a produtividade dos pastos.

A base da técnica é o amendoim forrageiro, uma leguminosa que age como pasto e fertilizante natural.

Não é o amendoim que vai para a mesa; é uma variedade forrageira, usada como capim.

Especialistas lembram que a pecuária segue como a principal fonte de gases de efeito estufa no Brasil, e que reduzir o metano do rebanho é decisivo para cortar emissões.

O modelo foi criado pela Embrapa e é apontado por Ricardo Abramovay, professor sênior da USP, como alternativa que une sustentabilidade e rentabilidade.

Além de cortar metano, o sistema ajuda no sequestro de carbono e diminui o uso de agrotóxicos ao competir com plantas invasoras.

O amendoim forrageiro fixa nitrogênio da atmosfera no solo, enriquecendo a pastagem e elevando o valor proteico da dieta do gado.

Com mais nutrição, os animais engordam mais rápido e são abatidos mais cedo, reduzindo emissões por quilo de carne produzida.

A planta também tem compostos que interferem na ruminação e reduzem a formação de metano no rúmen.

Há ainda um ganho energético: ao produzir menos metano, o animal desperdiça menos energia e rende mais no pasto.

O cultivo não serve para qualquer área: o desenvolvimento exige solos bem úmidos.

O investimento inicial costuma ser maior porque a semente é rara e a colheita ainda é manual.

O Sistema Guaxupé se apoia em quatro pilares de manejo integrados.

Primeiro, a diversificação inteligente das espécies forrageiras, escolhendo o capim certo para cada tipo de solo da fazenda.

"Sempre você tem uma área mais baixa, que é mais úmida, uma área mais alta, que é mais seca, e quando você usa diferentes tipos de capim, você diminui a chance de erro", explica o pesquisador.

A variedade também reduz o risco de uma praga ou doença destruir a pastagem inteira.

O segundo pilar é a autossuficiência em nitrogênio, graças ao amendoim forrageiro e suas bactérias fixadoras nas raízes.

O terceiro é tolerância zero com plantas daninhas, mantendo o pasto limpo e produtivo.

O quarto é o manejo correto da lotação, com alimentação garantida o ano todo e sem exceder a capacidade do pasto.

"O que causa degradação de pastagens é o excesso de gado na propriedade", diz Lambertucci.

No pasto, gramíneas e leguminosas se complementam: as primeiras crescem rápido e acumulam carbono; as segundas oferecem mais proteína.

As gramíneas crescem rápido, acumulam carbono e produzem muita massa, mas têm menor valor nutricional.

As leguminosas, por sua vez, oferecem mais proteína e ajudam a equilibrar a dieta do rebanho.

As leguminosas promovem a "adubação verde", dispensando fertilizantes químicos como a ureia e reduzindo custos e impactos.

Outra vantagem é o efeito tapete do amendoim forrageiro, que cobre o solo e dificulta a infestação de ervas daninhas.

Resultado: menos herbicida no campo e uma pecuária mais limpa.

"Ao longo do tempo, o produtor gasta menos com manutenção de pastagem com herbicida, tornando a pecuária mais limpa e menos agressiva ao meio ambiente", diz o pesquisador.

A origem do Guaxupé está em um problema real no Acre: pastos morrendo afogados, a chamada Síndrome da Morte do Braquiarão.

A pesquisa mostrou que leguminosas resistem melhor a solos úmidos, como na Amazônia, e o sistema também funciona no litoral, na Mata Atlântica e em áreas do Cerrado.

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Publicado em 20 de novembro de 2025 às 11:39

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