Bolsonaro monta dossiê médico para escapar da Papuda
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📅 06/11/2025

Bolsonaro monta dossiê médico para escapar da Papuda

Às vésperas do julgamento de recursos no STF, aliados divulgam relatos de saúde "catastrófica" e defesa prepara "dossiê anti Papuda" para tentar manter a prisão domiciliar; Flávio Bolsonaro culpa Alexandre de Moraes.

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Ronny Teles

Ronny Teles

Combatente pela democracia

Na véspera do início do julgamento dos embargos declaratórios no Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro acionou interlocutores para divulgar um quadro dramático de saúde e sustentar a estratégia jurídica para evitar a prisão no Complexo Penitenciário da Papuda.

O julgamento do chamado núcleo crucial, sob a presidência da 1ª Turma do STF, o ministro Flávio Dino, ocorrerá em sessão virtual entre sexta-feira (7) e a sexta seguinte, dia 14 de novembro. A avaliação mais provável é de negativa dos recursos, o que colocaria em marcha o cumprimento imediato da pena de 27 anos e 3 meses de prisão imposta a Bolsonaro.

Antes da sessão, interlocutores do ex-presidente procuraram colunistas para reforçar um enredo de vitimismo e de saúde fragilizada.

Repetiu-se um "script": "o ex-presidente está soluçando muito, com ânsia de vômito, meio aéreo e sozinho em casa". Ele também estaria reclamando do "abandono de quem deve muitos votos".

Enquanto esse cenário é ventilado, advogados encomendaram a uma equipe com cirurgião, clínico-geral e dermatologista um dossiê médico para tentar impedir a transferência para a Papuda e manter a prisão domiciliar.

O documento, descrito como um "dossiê anti Papuda", traça um quadro catastrófico e deve ser apresentado assim que houver determinação de transferência da mansão no condomínio Solar de Brasília para a cela já preparada no complexo prisional.

Na peça, a defesa pretende resgatar o histórico de deterioração da saúde desde a facada de 2018.

Segundo relatos, o dossiê "deve apontar riscos à saúde em razão do câncer de pele e crises de refluxo, soluço e vômito, além de pressão alta e apneia, além das complicações derivadas das sucessivas operações na região do abdômen após a facada de 2018".

Para embasar a vitimização, o senador Flávio Bolsonaro responsabilizou o ministro Alexandre de Moraes pela suposta piora do quadro do pai.

"Acho que o castigo e a tortura que o Alexandre de Moraes está submetendo o Bolsonaro tem que ter algum limite", disse.

"O mínimo que pode ser feito é fazer com que ele fique em casa, tratando da sua saúde", emendou, ao defender a manutenção da prisão domiciliar.

Em entrevistas recentes, Flávio já havia repetido essa narrativa.

"É triste, né... Eu entro em casa hoje e tu vê cara, um homem desse que é referência pra tantos milhões de brasileiros... Eu entro em casa tá lá ele, cheio de soluço, mal... Oscila dias bons e dias ruins, ali nesse soluço... O cara dorme soluçando, não sei como ele consegue fazer isso... É muito difícil.. Eu entro às vezes na casa dele e tá ali, assistindo televisão, e tu vê teu pai sentado no sofá, de perna cruzada, com uma tornozeleira eletrônica no pé carregando na tomada... Quer dizer, igual um vagabundo, e a gente sabe que ele não é", afirmou.

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Publicado em 6 de novembro de 2025 às 13:27

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