Caso Epstein escancara racha e enfraquece Trump entre republicanos
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📅 19/11/2025

Caso Epstein escancara racha e enfraquece Trump entre republicanos

A Câmara dos EUA aprovou quase por unanimidade a liberação dos arquivos do processo de Jeffrey Epstein, e a dissidência crescente entre republicanos expõe a perda de influência do presidente americano.

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Ronny Teles

Ronny Teles

Combatente pela democracia

A aprovação quase unânime na Câmara de Deputados dos EUA de um projeto que obriga a liberação dos arquivos do processo de Jeffrey Epstein se tornou mais um sinal do enfraquecimento da liderança do presidente americano, Donald Trump, sobre o Partido Republicano. Especialistas citam uma divisão sem precedentes na base e afirmam que parlamentares antes silenciosos agora estão "começando a gritar um pouco", ainda que com cautela. Mesmo assim, os ataques públicos e campanhas negativas seguem como ferramenta usada por Trump para exigir lealdade.

Na última semana, a deputada republicana Lauren Boebert, do Colorado, declarou que apoiaria a proposta de divulgar os arquivos, contrariando a orientação do governo e do partido. Convocada à Casa Branca, foi pressionada pelo diretor do FBI, Kash Patel, e pela procuradora-geral, Pamela Bondi, a mudar de posição. A reunião foi classificada internamente como "perda de tempo".

Outra apoiadora histórica, a deputada Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, também criticou abertamente o governo e endossou a divulgação dos documentos. Em resposta, Trump passou a atacá-la publicamente, retirou o apoio e anunciou oposição a Greene nas primárias republicanas para 2026.

"Eu entendo que pessoas maravilhosas e conservadoras estão pensando em dar primárias a Marjorie em seu distrito da Geórgia, que eles também estão fartos dela e de suas palhaçadas e, se a pessoa certa concorrer, terá meu apoio completo e inflexível", escreveu Trump na rede social Truth Social na última sexta-feira.

Os arquivos de Epstein, que cometeu suicídio na cadeia em 2019 enquanto respondia a acusações de abuso sexual de menores e chefiar uma rede de tráfico de pessoas, ainda alimentam teorias sobre supostos encobrimentos envolvendo figuras influentes, incluindo o presidente americano. O caso alcançou a votação após receber a 218ª assinatura necessária para ir a plenário.

O avanço no Congresso veio acompanhado de uma guinada de Trump: depois de meses contra a divulgação, ele sinalizou no fim de semana que sancionaria a publicação se aprovada pelo Legislativo. O próximo passo é a análise no Senado.

A recente paralisação do governo (shutdown), que durou 43 dias e terminou na última quarta-feira, também expôs a perda de controle do presidente sobre sua base. Apesar de os republicanos na Câmara terem mantido a unidade por tempo suficiente para pressionar os democratas, o Senado, de maioria republicana, rejeitou os apelos de Trump para eliminar o filibuster, regra que exige 60 votos para a maioria dos projetos.

Nesse embate, Trump entrou em conflito com o senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, entre outros, e reclamou a assessores que os republicanos não estariam atendendo aos seus desejos.

Outro revés foi a estagnação da proposta de redesenhar os mapas distritais em Indiana, enquanto democratas avançaram com redistribuição na Califórnia. Para tentar virar votos, o vice-presidente JD Vance visitou o estado, Trump fez ligações e legisladores de Indiana foram à Casa Branca. No Kansas, parlamentares também resistiram às pressões para alterar os limites distritais.

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Publicado em 19 de novembro de 2025 às 13:08

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