Crianças na academia: mito do crescimento cai, mas exige cuidado
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📅 11/11/2025

Crianças na academia: mito do crescimento cai, mas exige cuidado

A partir dos 8 anos, treinos de força são permitidos com adaptações e supervisão; especialistas afirmam que não atrapalha o crescimento e apontam benefícios e riscos.

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Ronny Teles

Ronny Teles

Combatente pela democracia

Crianças podem começar na academia mais cedo do que muitos imaginam. De acordo com orientações pediátricas, a partir dos 8 anos já é possível iniciar um programa de treinamento de resistência, desde que com adaptações e acompanhamento próximo.

Nessa fase, indicam-se pesos livres, como halteres e anilhas, de até 15 kg, por no máximo 30 minutos, três vezes por semana. O trabalho deve ser supervisionado individualmente e combinado com exercícios aeróbicos, como corrida e bicicleta, também por cerca de 30 minutos.

Mais do que a idade no calendário, conta a maturidade da criança para entender e seguir instruções. Como resume um pediatra da área de atividade física, "— A questão principal não é a idade cronológica, mas sim a capacidade de a criança compreender e seguir orientações. Se ela já tem maturidade para focar em uma tarefa e seguir as instruções de um profissional, ela está apta a começar. O essencial é que a decisão seja guiada pela maturidade e pelo interesse da criança, e não por um número específico de anos."

O uso de máquinas fixas entra quando o tamanho permitir o ajuste seguro, sempre com supervisão. Para a evolução na adolescência, pesa o estágio de maturação biológica. Um professor de educação física explica: "— O maior desafio é adequar as cargas de treinamento de acordo com a idade biológica. Para determiná-la, uma das formas mais práticas é identificar o nível maturacional dos adolescentes que podem ser classificados em pré-púberes (estado infantil), púberes (passando pela puberdade) e pós-púberes (semelhantes aos adultos). Isso é importante porque durante a adolescência é possível encontrar diferentes níveis maturacionais. Aos 15 anos, um adolescente pode apresentar características infantis, enquanto outros já apresentam características de adulto."

Com isso, os objetivos mudam em cada etapa: no começo, o foco é coordenação, força e agilidade de forma natural; depois, em quem já é pós-púbere, dá para pensar em potência e hipertrofia com mais segurança.

Antes da puberdade, recomenda-se base motora com exercícios livres, elásticos e o próprio peso corporal, reduzindo riscos. Como alerta uma especialista em adolescência: "— Antes dessa fase puberal, o ideal é fortalecer com exercícios livres, elásticos e o próprio peso corporal, garantindo base motora e prevenindo lesões. O risco de lesão às cartilagens é maior nos pré-púberes. As apofisites por tração, que são as lesões mais comuns, se devem a uma combinação do próprio crescimento com o excesso de carga sobre a cartilagem de crescimento. Depois, o ganho de massa muscular deve ser feito de forma gradativa, sob supervisão de profissionais capacitados para que não haja lesão muscular, articular ou óssea — diz Denise Machado e Silva, presidente do Departamento Científico da Adolescência da Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro (Soperj)."

O receio de que a musculação atrapalhe o crescimento é mito. Revisões com crianças entre 7 e 12 anos concluíram que o treinamento não prejudica o desenvolvimento linear.

Uma endocrinologista pediátrica reforça: "— Os estudos mostram que a prática de treinos ou de determinados esportes, como basquete e ginástica, não exercem influência sobre o crescimento linear em crianças e adolescentes. Na verdade, se realizado adequadamente, o estímulo mecânico e metabólico contribui para aumentar a densidade óssea e otimizar o desenvolvimento corporal. Assim, o treinamento de força, quando adequadamente orientado, não interfere negativamente nem compromete a altura final — afirma Marilena de Menezes Cordeiro, endocrinologista pediátrica e membro do Comitê de Endocrinologia da Soperj."

Na prática, há modelos que começam cedo com foco técnico. Em uma rede de academias, por exemplo, a iniciação pode ser a partir dos 10 anos e, até os 13, privilegia a movimentação, não a carga: treinos leves, dinâmicos e voltados a coordenação, postura e consciência corporal.

O educador físico responsável resume a progressão: "— São atividades para o jovem dominar o próprio corpo antes de pensar em sobrecarga criando uma base sólida para o futuro. A partir dos 14, já é possível iniciar o treino de musculação de forma mais estruturada, mas sempre com orientação profissional e acompanhamento constante também. O foco deve ser o desenvolvimento da força de maneira progressiva, respeitando o ritmo de crescimento e evitando excessos."

Entre os benefícios, destacam-se melhora da sensibilidade à insulina, composição corporal mais saudável, aumento do tônus muscular e maior proteção articular.

Sem acompanhamento, porém, os riscos crescem. Uma médica lista os perigos: "— Especialmente se houver cargas excessivas ou má técnica, pode provocar lesões musculoesqueléticas, como fraturas, osteocondroses, tendinite, escoliose, entre outras. Há ainda o risco de acidentes nos aparelhos ou com os pesos usados durante a prática de exercícios."

Também é preciso atenção ao ambiente social da academia. Durante a adolescência, influências externas podem levar a escolhas nocivas.

Como alerta um pediatra da área: "— É preciso alertar sobre a influência de colegas e redes sociais no uso indiscriminado de suplementos, o perigo dos anabolizantes e os problemas associados a um volume de treino excessivo e sem acompanhamento."

Em resumo: começar cedo é possível e seguro quando há plano individualizado, metas compatíveis com o estágio de maturação e olhos atentos de profissionais qualificados.

Para famílias, a orientação é priorizar o interesse da criança, buscar avaliação especializada e garantir que a progressão aconteça devagar e sempre, sem atalhos nem exageros.

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Publicado em 11 de novembro de 2025 às 11:13

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