Michelle Bolsonaro publicou foto ao lado de um constrangido André Fernandes e de uma imagem de papelão de Jair Bolsonaro após conseguir derrubar as negociações de aliança com Ciro Gomes no Ceará. Segundo relatos, o ex-presidente, da prisão, determinou que os filhos não atacassem a esposa.

A imagem foi feita depois de reunião com Valdemar da Costa Neto e Rogério Marinho. Ao divulgar os registros, Michelle escreveu: "Com oração, conversa sincera e união, o Brasil tem solução".
No encontro, Flávio Bolsonaro recebeu o recado do pai para pedir desculpas e encerrar os ataques à ex-primeira-dama. Antes, o senador havia chamado Michelle de "autoritária" e incentivado ataques coordenados com os irmãos.
Em nota do PL Mulher, comandado por Michelle, foi comemorada a suspensão das conversas com o PSDB no Ceará, o que representou nova derrota pública para André Fernandes.
A nota registrou: "Após o término da reunião de cúpula, ficou definido que André Fernandes continua encarregado de buscar uma alternativa viável, que respeite valores e princípios ligados à direita conservadora e que aumente as chances de derrotar o projeto da esquerda no estado".
Horas antes, na madrugada, Michelle divulgou um texto reforçando a rejeição à aliança com Ciro e afirmando que "jamais negocio meus valores", movimento interpretado como uma declaração de guerra aos enteados.
No mesmo comunicado, ela disse que não apoiaria a aliança "ainda que essa fosse a vontade do Jair", destacando que "ele não me falou se é".
Michelle ainda pediu trégua ao clã: "Peço aos meus enteados que me entendam e me perdoem, não foi minha intenção contrariá-los. Eu, assim como eles, quero apenas o melhor para o nosso herói, seu pai, meu esposo e o maior líder que esse país já teve - Jair Messias Bolsonaro".
Após visitar o pai na PF em Brasília, Flávio recuou publicamente da narrativa de que haveria apoio a Ciro no Ceará e admitiu o puxão de orelha.
Em entrevista, afirmou: "Não teve apoio a Ciro, porque ali eram conversas. Não tinha decisão nenhuma tomada, como não tem até agora".
Na reunião com a cúpula do PL, Flávio voltou a pedir desculpas a Michelle, que cobrou não ser novamente desautorizada em público pelos enteados.
O senador chorou abraçado à madrasta e reconheceu a derrota na queda de braço interna.
Michelle também escalou a deputada Priscila Costa, vice-presidente do PL no Ceará e sua candidata ao Senado, para acompanhar as tratativas no estado ao lado de André Fernandes, que vinha articulando lançar o pai, Alcides Fernandes, ao Senado em 2026.
Depois do recuo, André Fernandes confirmou a suspensão das negociações com Ciro Gomes e tentou minimizar o desgaste.
Ele, porém, afirmou que as tratativas começaram com aval de Jair Bolsonaro, contrariando a versão do clã. Disse: "A gente começou a avançar lá atrás ainda, com a autorização do presidente Jair Bolsonaro essas articulações com então Ciro Gomes, que tem feito oposição ao governo do PT no estado do Ceará - e mesmo que não tenha dito ainda que é pré-candidato ao governo do estado do Ceará, está posto aí por muita gente. Então a gente avançou nessas articulações tentando, sim, fazer ali uma aliança, uma composição para derrotar o PT no estado do Ceará. O presidente Bolsonaro desde sempre é ciente disso. Houve, como falou o Flávio, um ruído de comunicação. A eterna primeira-dama, Michelle Bolsonaro, não teve ciência de toda a movimentação que foi feita. O Flávio estava ciente, o Marinho estava ciente, enfim..."
Ao final, Fernandes sinalizou pausa nas conversas e reconheceu o avanço de Michelle na disputa interna: "presidente Bolsonaro, que lá atrás havia autorizado tentar essas articulações, mas ao que tudo indica, pelo momento, nós vamos dar uma pausa, nós vamos repensar".

