Os Estados Unidos suspenderam o processamento de solicitações de cidadania e de residência permanente para migrantes de 19 países, ampliando o endurecimento da política anti-imigração do governo Donald Trump. Na semana passada, o presidente já havia ordenado que todos os "green cards" emitidos a cidadãos de países "de preocupação particular" passassem por revisão imediata.
A decisão ocorre após o ataque a tiros que matou uma militar perto da Casa Branca, na semana passada, e aumentou a pressão política por medidas mais duras nas fronteiras e nos sistemas de triagem migratória.
Entre os países afetados estão Cuba, Haiti e Venezuela. Trump vem reforçando sua postura contra essas três nações latino-americanas, especialmente a Venezuela, após ordenar uma mobilização militar sem precedentes no Caribe nos últimos meses. Ele afirma que a operação mira o narcotráfico, enquanto Caracas acusa Washington de tentar derrubar Nicolás Maduro.
Cuba segue sob embargo comercial americano há mais de seis décadas, e o Haiti, país mais pobre das Américas, enfrenta uma crise humanitária agravada pela violência de gangues.
Segundo um memorando oficial divulgado na terça-feira, o governo determinou a paralisação do processamento de "green cards" e de pedidos de cidadania para pessoas oriundas dos 19 países, que já estavam sujeitos a restrições de viagem desde junho.
Além de Cuba, Haiti e Venezuela, a medida atinge cidadãos do Afeganistão, Irã, Somália, Sudão, Iêmen, Mianmar, Burundi, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Laos, Líbia, Serra Leoa, Togo e Turcomenistão.
Autoridades de alto escalão já haviam sinalizado o endurecimento das regras após o ataque contra dois soldados da Guarda Nacional perto da Casa Branca. O suspeito, um afegão que chegou ao país durante as operações de retirada em massa de 2021, declarou-se inocente das acusações de assassinato em audiência realizada na terça-feira.
O memorando afirma que o Serviço de Cidadania e Imigração (USCIS) "tem um papel central em impedir que terroristas busquem refúgio nos Estados Unidos e em garantir que seus processos de seleção, investigação e atribuição priorizem a segurança do povo americano e respeitem todas as leis".
O documento diz ainda que o governo comprovou recentemente "o que a falta de avaliação, verificação e priorização de decisões rápidas pode fazer ao povo americano", citando como exemplo o suposto autor do ataque contra soldados da Guarda Nacional.
Em 26 de novembro, Trump, que faz campanha com a promessa de deportar milhões de migrantes sem documentos, afirmou que planejava "pausar permanentemente a migração de todos os países do terceiro mundo para permitir que o sistema americano se recupere por completo".
A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, defendeu ampliar a lista de países sob restrições. "Acabei de me reunir com o presidente. Recomendo uma proibição total de viagens para cada maldito país que inundou nossa nação com assassinos, sanguessugas e viciados que se acreditam com direito a tudo", escreveu na rede X, sem citar quais países deveriam ser adicionados.
Nos próximos dias, autoridades federais planejam iniciar uma operação de controle migratório em Minnesota, com foco em cidadãos somalis. A iniciativa gerou reação de políticos locais, que afirmaram que a polícia estadual não irá cooperar.

