O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), foragido nos EUA desde o começo do ano, incentivou seus seguidores a atacarem a professora Jacqueline Muniz, especialista em Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), após ela criticar a operação policial que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio. Diante da perseguição, a acadêmica pediu proteção ao Ministério Público.
"Fica tranquila, tia. Anda com uma pedra na bolsa que fica tudo certo", postou o parlamentar.
A mensagem gerou nova onda de ataques nos comentários de seu perfil oficial no X (antigo Twitter), onde o deputado mantém mais de 3 milhões de seguidores.
Jacqueline Muniz é ameaçada após criticar massacre no RJ
A antropóloga e professora do Departamento de Segurança Pública da UFF fez duras críticas ao massacre policial ocorrido nos Complexos do Alemão e da Penha, que culminou com a morte de mais de 100 pessoas, por ordem do governador Cláudio Castro (PL).
No sábado (1º), Jacqueline se dirigia a um restaurante quando foi fotografada por pessoas que publicaram as imagens nas redes, junto a ataques e ofensas.
Um perfil bolsonarista escreveu: "Acabo de ter o desprazer de encontrar esse ser humano no meu almoço aqui na Cobal do Humaitá". Nos comentários, outro usuário incentivou a agressão: "Dá uma pedrada nela. kkkk".
Jacqueline compartilhou as postagens em seus perfis no Instagram, Facebook e X (antigo Twitter), e pediu que o problema fosse divulgado.
A antropóloga destacou que algumas ameaças tiveram como motivação publicações de parlamentares bolsonaristas, entre eles os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO).
"Algumas pessoas foram estimuladas por postagens desses deputados, o que ampliou o volume das ameaças", ressaltou.
Ela também citou uma usuária que estaria estimulando ataques: "Esta senhora deste perfil está incitando manifestações de violência contra mim. Fica aqui registrado para futuro desdobramento legal!", apontou.
Em entrevista um dia após a megaoperação, a professora afirmou que o governo do Rio sustenta a política de insegurança como projeto de poder eleitoral.
"Matança dá voto, sim, porque quem mata tem mérito e quem morre tem merecimento neste discurso bravateiro de políticos irresponsáveis e apocalípticos que vendem uma coisa que não podem entregar. Por isso, você não pode dizer se ele está certo ou errado. Ele está sempre ali como um pregador do Senhor da Guerra, do profeta do caos e do mercador da proteção", afirmou.
