O diplomata Mohammad-Javad Larijani, conselheiro do líder supremo Ali Khamenei, afirmou que o Irã adotou uma nova doutrina nuclear que prevê manter a capacidade de desenvolver armas atômicas em um prazo de duas semanas.

Segundo ele, a estratégia busca criar um efeito dissuasório diante de potenciais ameaças externas.

Larijani disse que, apesar de existir uma fatwa do líder supremo que proíbe o uso de armas nucleares com base na jurisprudência xiita, o país poderia elaborar as armas com rapidez para fins de resistência e diálogo.

"Na República Islâmica, existem dois tipos de doutrinas: uma é a doutrina do JCPOA [Acordo de 2015 que revogou as sanções contra o Irã em troca da redução das capacidades nucleares do país], que tem três pilares: o primeiro é o desespero; o segundo é a coragem reversa, o que significa que abrimos mão de alguns direitos para proteger outros interesses; e o terceiro é a confiança excessiva no Ocidente", afirmou em coletiva de imprensa.

"A segunda doutrina é a resistência, que rejeita qualquer tipo de desespero e paralisia, como a resistência às sanções dos EUA, o que levanta a questão da dependência de capacidades. A doutrina da resistência não é necessariamente a da guerra eterna, mas sim a da negociação e do diálogo. O significado da fatwa que proíbe armas nucleares, emitida pelo Líder da Revolução, é que consideramos a guerra com base em nossos próprios limites e não lutamos brutalmente como os ocidentais. Podemos construir uma bomba atômica em menos de duas semanas, mas não o fazemos porque somos religiosos", explicou Larijani.

Enquanto isso, os EUA tentam firmar um novo acordo nuclear com o Irã, mas as propostas não têm satisfeito Teerã. O país tem reforçado sua defesa com sistemas antiaéreos russos e chineses e mantém o enriquecimento de urânio.