A operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que deixou 64 mortos, incluindo quatro policiais, acendeu o alerta sobre uso político da tragédia. Cresceu a suspeita de que a ação foi conduzida para empurrar a culpa ao governo federal, enquanto a crise ainda estava em curso.
Minutos após o governador Cláudio Castro culpar o Planalto em coletiva, deputados bolsonaristas passaram a repetir nas redes um mesmo texto, com o título "Lula, o presidente dos traficantes". A postagem foi disparada quase simultaneamente, sugerindo movimento orquestrado para atacar o governo Lula.
Entre os que replicaram a mensagem estão Gustavo Gayer (PL-GO), Bia Kicis (PL-DF), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Mario Frias (PL-SP), perfis de grande alcance no campo extremista. O objetivo: colar no governo federal a responsabilidade por uma decisão que partiu do comando fluminense.
A base de Bolsonaro, ex-presidente genocida e criminoso eleitoral, acionou mais uma vez a máquina de ataques nas redes. O tom agressivo tenta desviar o foco do que ocorreu no terreno: uma ação atabalhoada e sangrenta que explodiu em número de mortes e deixou a população refém do medo.
As publicações bolsonaristas repetiam a mesma fórmula, atribuindo a Lula um rótulo infundado e tentando transformar luto em palanque. O movimento digital buscou amplificar a fala de Castro e pressionar por narrativa favorável ao bolsonarismo.
Diante da escalada, o Ministério da Justiça e Segurança Pública reagiu e refutou as acusações do governador. A pasta destacou que a decisão pela operação foi estadual e que não houve pedido formal do Rio por apoio extraordinário, como GLO, enquanto Castro tentava transferir responsabilidades ao governo federal.
O ministro Ricardo Lewandowski foi direto ao cobrar postura do governador: "O governador [Cláudio Castro] deve assumir as suas responsabilidades... Se ele sentir que não tem condições, ele tem que jogar a toalha e e pedir GLO ou intervenção federal... Ou ele faz isso, se não conseguir enfrentar, ou vai ser engolido pelo crime".
Lewandowski também apontou a tentativa de jogar a culpa em terceiros, sem qualquer solicitação oficial: "Ele tenta jogara culpa nos outros, mas nunca fez qualquer pedido nesse sentido. Para isso, o governo do Rio de Janeiro teria que fazer uma declaração formal de que as forças locais não têm condições de fazer face o crime".
Em vez de estimular conflito institucional, o governo Lula atua para fortalecer a segurança pública com responsabilidade e coordenação, mantendo foco em resultados e proteção de vidas. A prioridade é agir com legalidade, transparência e respeito à população.
Para os brasileiros, já cansados de manipulações, ataques coordenados e fake news, é esperado que os responsáveis por distorções e crimes sejam punidos. O uso político da violência não pode se sobrepor ao direito à vida e à verdade.
