O Banco Central decretou a liquidação do Master S.A., encerrando a trajetória da instituição ligada a Vorcaro, que vinha enfrentando dificuldades para honrar compromissos com clientes e investidores.
Paralelamente, a Polícia Federal apura indícios de fraude de R$ 12,2 bilhões em transações entre o Master e o BRB. O pente-fino do BC nas contas do banco inviabilizou a continuidade das operações, com autoridades apontando manipulação de ativos, fraudes no mercado de capitais e gestão fraudulenta e temerária.
Em nota, assessores de Vorcaro disseram que ele "constituiu uma equipe de advogados que cuidarão de sua defesa" e que os advogados do banqueiro e do Master se colocaram "à disposição para cooperar com as autoridades".
O Master cresceu com uma estratégia agressiva de captação por meio de CDBs, oferecendo juros acima do mercado. As investigações indicam um descoberto próximo de R$ 12 bilhões devido à baixa liquidez de parte dos ativos.
O BC justificou a medida pela "grave crise de liquidez" e pelo "comprometimento significativo da situação econômico-financeira" do grupo, classificado como de "pequeno porte", e afastou risco sistêmico ao mercado bancário. Apenas o Will Bank ficou de fora das intervenções.
Com a liquidação, todas as contas, aplicações e operações do Master S.A. foram bloqueadas. A administração passa a um liquidante nomeado pelo BC. Já o Banco Master Múltiplo foi colocado em Regime de Administração Especial Temporária (Raet), no qual o BC assume a gestão por até 180 dias, prorrogáveis.
O processo aciona o Fundo Garantidor de Créditos, que cobre até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ em cada instituição. O FGC costuma iniciar pagamentos em cerca de 30 dias, dependendo da análise dos dados. Estima-se que 1,6 milhão de credores busquem ressarcimento de até R$ 48 bilhões, na maior operação do tipo desde 1997.
Depois do bloqueio e do início dos ressarcimentos, vêm a avaliação e a venda de ativos para pagar credores. A ordem prioriza créditos trabalhistas, depois credores com garantias reais, em seguida o ressarcimento ao FGC e, só então, credores sem garantias e valores acima de R$ 250 mil. Acionistas ficam por último. Essa etapa pode levar anos.
Investigadores notaram a "coincidência" entre os movimentos do caso e anteciparam a prisão de Vorcaro, que foi detido no Aeroporto Internacional de Guarulhos pouco antes de decolar.
Vorcaro disse que viajaria a Dubai para se reunir com investidores, mas o plano de voo do jato tinha Malta como destino. O pedido de aprovação foi feito às 17h, e as prisões foram autorizadas às 15h. A venda para a Fictor foi anunciada às 17h24. Em nota, a Fictor afirmou ter conduzido "todas as etapas (do negócio) com total transparência, responsabilidade e estrita observância aos ritos" e declarou: "a operação de compra está suspensa, e nos colocamos à disposição das autoridades".

