O empresário Joesley Batista, da JBS, afirmou que as ações do governo no Sudeste Asiático devem impulsionar a exportação de carne do Brasil e abrir novas frentes de receita para o agro.
"A gente vende bastante aqui. A gente vende dos Estados Unidos, vende da Austrália, não vendia do Brasil. Agora está começando a vender", disse ele. "Vai aumentar muito o negócio aqui, o comércio aqui. Essa região está crescendo muito."
Joesley integrou a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado de mais de 100 empresários em agendas na Indonésia e na Malásia. Do setor de carnes, participaram cerca de 22 empresas na primeira parada e 10 na segunda.
Lula esteve em Kuala Lumpur, capital malaia, como convidado da cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) e se encontrou com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir tarifas aplicadas ao Brasil.
Segundo relatos, Joesley foi um dos articuladores do encontro após ser recebido por Trump em audiência sobre as taxas impostas a produtos brasileiros, defendendo que as diferenças comerciais poderiam ser resolvidas por meio de diálogo entre os governos.
A viagem também mirou a expansão de mercados na região para reduzir a dependência brasileira dos EUA e diversificar as fontes de receita das exportações.
O tarifaço de 50% sobre carnes imposto pelos EUA atingiu um produto no qual a JBS é líder global. A empresa produz também em outros países, e a carne brasileira foi redirecionada a mercados como o México.
Joesley observou que o Brasil não era "bem conectado" na Ásia e avaliou que esse cenário começa a mudar.
O irmão de Joesley, Wesley Batista, assinou um memorando de entendimento entre o fundo soberano indonésio Persero e a JBS para explorar e negociar potenciais transações. Houve ainda parceria entre a estatal de eletricidade PLN e o grupo J&F.
Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Favaro, a visita de Estado à Malásia abriu o comércio de ovo em pó e de pescado de cultivo e extrativo. O governo também negociou uma auditoria para o mercado de suínos, marcada para 19 de novembro, além da revisão do protocolo sanitário malaio para a venda de frango.
Antes, após registro de febre aviária como o ocorrido no Brasil em maio, a Malásia impunha pausa de 12 meses para retomar o comércio com o país afetado. Com o novo acordo, o prazo cai para três meses.
Com isso, avicultores brasileiros já podem retomar as exportações de frango para a Malásia.
"Então, assim, olha, um balanço muito positivo. Além disso, sem sombra de dúvida, a oportunidade do encontro do presidente Lula com o presidente Trump. Evoluindo esse processo com o acordo entre o Brasil e os Estados Unidos, vai ser bom para o agro, vai ser bom para todo mundo", disse Favaro.
A presença do empresariado foi marcante na agenda oficial. Em Jacarta, na Indonésia, Lula reuniu empreendedores brasileiros e indonésios para discutir oportunidades.
Na Malásia, o presidente participou da cúpula empresarial da Asean e de evento da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) que reuniu empreendedores brasileiros e malaios.
Para Julio Ramos, diretor de assuntos estratégicos da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), o setor confia na relação com o Sudeste Asiático e apoia iniciativas que apresentam os produtos brasileiros a potenciais importadores.
"Foi muito positivo, a Indonésia tem se tornado também um grande mercado. Recentemente habilitaram alguns frigoríficos, foi aberto o mercado de miúdos para o Brasil. Então, o Brasil acredita muito nessa relação, nessas parcerias comerciais porque, querendo ou não, isso reflete no próprio Brasil com a geração de emprego", afirmou.
