A escritora Martha Batalha publicou uma coluna em que critica o uso de unhas artificiais excessivamente compridas, afirmando que "unhão artificial e comprido é acinte".
Logo no início, ela avisa: "Vou reclamar do início ao fim da coluna", e direciona o texto às "mulheres com unhas artificiais excessivamente compridas".
Para sustentar o argumento, Batalha revisita a evolução das mãos humanas e lembra que a habilidade com o polegar opositor permitiu criar ferramentas e roupas. No recorte histórico, cita ainda que, no Egito antigo e na China do século XVII, unhas muito longas eram símbolo de status por dispensarem trabalho manual.
A colunista recorda costumes de cuidado pessoal — de Maria Antonieta lixando as unhas com pedra-pomes à popularização do estojo de manicure na revolução industrial e às divas de Hollywood com esmalte vermelho — e critica que, hoje, o excesso dificulta tarefas simples, como operar caixas registradoras, lidar com compras no mercado ou digitar no celular.
Em tom de reflexão de gênero, ela diz que, ao ver "unhas à la Zé do Caixão", lembra a longa luta por igualdade: sufragistas, queima de sutiãs, direito de escolha no caso de aborto, salários iguais e educação para todas — e questiona por que limitar "a mais básica e extraordinária ferramenta humana, o total movimento das mãos".
No auge do desabafo, afirma ter "vontade de largar tudo para me tornar ativista antiunhão" e até imagina ser lembrada por uma cruzada pessoal contra as unhas artificiais e compridas.
À defesa estética de que seria "obra de arte", responde com ironia: "Jura? Vai fazer uma cerâmica, meu amor. Vai lá pintar um quadro. Gosta de miniatura? Tenta umas coisinhas de origami", lembrando que esses trabalhos exigem unhas em tamanho normal.
Batalha também especula sobre referências pop: "Desconfio que as Kardashians tiveram em algum momento influência nessa história, e quem copiou não ganhou a riqueza das Kardashians, mas a incapacidade das Kardashians de se limparem propriamente no banheiro."
No fim, faz um chamado: "Peço portanto para divulgarem minha luta. Construamos um futuro de unhas normais, e minha futura página no Wikipedia."

