Afastado da presidência do Banco de Brasília (BRB) por decisão da Justiça, Paulo Henrique Costa afirmou que a instituição identificou "divergências documentais em partes das operações" do Banco Master e comunicou o fato ao Banco Central, que analisava a compra do Master pelo BRB.
A Polícia Federal deflagrou a Operação Compliance Zero para apurar um suposto esquema de criação e negociação de títulos de crédito falsos envolvendo o Banco Master.
Paulo Henrique Costa foi afastado do comando do banco estadual de Brasília pelo prazo de 60 dias. Em comunicado, disse apoiar as investigações.
"Zelo pela transparência e pela legalidade em todas as minhas ações e confio que a apuração trará os devidos esclarecimentos", afirmou em nota.
Segundo ele, o BRB comunicou o Banco Central no primeiro quadrimestre sobre incongruências em operações do Master.
"Aquisições de carteiras são operações tradicionais do mercado financeiro. No caso do Banco Master, o BRB identificou, no primeiro quadrimestre, divergências documentais em parte das operações, comunicou o fato ao Banco Central do Brasil e promoveu, em sua grande maioria, a substituição dessas carteiras", disse.
Em março, o BRB anunciou a compra do Master, mas a operação foi vetada pelo Banco Central, que determinou a liquidação do banco então comandado por Daniel Vorcaro.
A investigação da PF que levou à prisão de Vorcaro aponta indícios de uma operação financeira de R$ 12,2 bilhões arquitetada por "pura camaradagem" como "tentativa de abafar a fiscalização" feita pelo Banco Central.
O advogado Roberto Podval, que defende Vorcaro, classificou como "desnecessária e ilegal" a prisão e disse que o banqueiro viajaria para os Emirados Árabes Unidos, quando foi detido em Guarulhos, para concluir a venda da instituição para um grupo de investidores liderado pelo Grupo Fictor, anunciada na véspera.
Em nota, assessores informaram que os advogados do banqueiro e do Master colocaram-se "à disposição para cooperar com as autoridades, prover informações e participar de audiências, inclusive com a presença de Vorcaro".
O BRB afirmou que "sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central do Brasil sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master". O BRB é um banco público, controlado pelo governo do Distrito Federal.

