Suluhu Hassan tomou posse como presidente da Tanzânia nesta segunda-feira (3) após eleições marcadas por protestos violentos, cuja repressão, segundo a oposição, deixou centenas de mortos.
Hassan, declarada vencedora com 98% dos votos pela Comissão Eleitoral, assumiu apesar da rejeição do principal partido de oposição, o Chadema, que foi impedido de disputar o pleito.
O partido convocou novas eleições e classificou a votação de quarta-feira como uma "farsa".
Com a eclosão dos protestos, foi imposto um bloqueio da internet que permanece em vigor, tornando as informações escassas e difíceis de verificar.
Uma fonte diplomática afirmou que há relatos confiáveis de centenas — ou mesmo milhares — de mortes em hospitais e centros de saúde em toda a Tanzânia.
O Chadema disse ter registrado "pelo menos 800" mortes no sábado, mas nenhuma dessas informações pôde ser verificada de forma independente.
O governo não se pronunciou além de rejeitar as acusações de "uso excessivo da força".
Na quarta-feira, apesar do forte contingente de forças de segurança, as eleições provocaram cenas de caos, com multidões tomando as ruas, arrancando cartazes e atacando policiais e locais de votação.
Em resposta, as autoridades cortaram o acesso à internet e impuseram um toque de recolher.
Segundo a mesma fonte diplomática, há "relatos preocupantes" de que a polícia está usando o bloqueio para "perseguir membros da oposição e manifestantes que possam ter vídeos" de supostos abusos cometidos na semana passada.
Em Dar es Salaam, a capital econômica, durante o fim de semana foi observado que a polícia realiza verificações em cidadãos, confere documentos de identificação e revista bolsas; lojas só podiam abrir à tarde.
Um grupo de direitos humanos do Quênia divulgou imagens que, segundo a entidade, foram filmadas na Tanzânia; algumas cenas mostravam corpos empilhados na rua. A autenticidade não pôde ser verificada de forma independente.
