Líderes do PL trabalharam no fim de semana para convencer senadores do Centrão e da oposição a votar em Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como presidente da CPI do Crime Organizado, que será instalada nesta terça-feira 4 no Senado Federal.
A articulação é encabeçada pelo líder da oposição na Casa, o senador Rogério Marinho (PL-RN), que ligou a colegas argumentando que o comando do colegiado deve ficar com o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), já presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado e integrante da bancada da bala no Congresso Nacional.
Do outro lado, o governo tenta convencer Fabiano Contarato (PT-ES) a disputar a presidência da CPI, com o aval do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Caso o delegado aposentado da Polícia Civil não aceite, o PT trabalha com o nome do líder da sigla na Casa, Rogério Carvalho (SE), como plano B.
O movimento do PL em torno de Flávio repete a estratégia que implodiu o acordo para a presidência e a relatoria da CPMI do INSS, em agosto. Na ocasião, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Alcolumbre haviam definido que o senador Omar Aziz (PSD-AM) e o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) assumiriam os cargos, mas uma articulação de última hora levou à eleição de Carlos Viana (Podemos-MG) e Alfredo Gaspar (União-AL).
Normalmente, eleições de CPIs são simbólicas: os líderes sugerem os nomes do presidente, vices e relator, e as Mesas da Câmara e do Senado definem os titulares. Na CPMI do INSS, porém, uma mobilização que varou a madrugada anterior à instalação garantiu à oposição o comando do colegiado.
Parte das indicações ainda está em aberto. PP e Republicanos não definiram seus representantes, o que pode alterar o equilíbrio de forças dentro da comissão, que terá 11 integrantes titulares e 7 suplentes e funcionará por 120 dias, prorrogáveis.
Enquanto aliados de Bolsonaro tentam capturar a presidência da CPI, a base do governo Lula atua para que o colegiado tenha direção comprometida com resultados e transparência, evitando disputas que paralisem as investigações.
A criação da comissão foi determinada após a repercussão da Operação Contenção, no Rio de Janeiro, que resultou em mais de uma centena de mortes, e aumentou a pressão por respostas efetivas ao crime organizado.
Com a instalação marcada, a disputa pela cadeira principal promete um primeiro teste de força entre oposição e governo, com impacto direto no rumo das apurações e na agenda de segurança pública no Senado.
