Seus dados podem virar renda; startup quer devolver controle
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📅 09/11/2025

Seus dados podem virar renda; startup quer devolver controle

O brasileiro André Vellozo, da DrumWave, diz que a propriedade dos dados pelo usuário cria uma nova economia e aposta no dWallet, lançado em 2023, para dar autonomia e monetização segura.

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Ronny Teles

Ronny Teles

Combatente pela democracia

O mundo caminha para uma economia movida a dados, em que a propriedade e o controle desses ativos se tornaram centrais. Fundada em 2015 em Palo Alto pelo brasileiro André Vellozo, a DrumWave tem como missão devolver às pessoas a segurança e o controle sobre o fluxo de suas informações.

Vellozo afirma que "quando você dá para as pessoas acesso e propriedade dos seus dados, você está criando uma nova economia". Para ele, empresas e indivíduos foram separados do valor que criam diariamente e é preciso um ecossistema em que os dados pessoais sustentem um modelo mais inclusivo.

Na visão da empresa, o dado é um "potencial de valor", e não um "produto limitado". Esse potencial nasce dos relacionamentos do usuário, que podem ser simplificados e registrados como contratos digitais, permitindo ao indivíduo armazenar e usar esse valor.

Segundo Vellozo, inclusão digital é crucial para reduzir a assimetria que hoje impede o cidadão de comandar seus dados. A chave está na participação ativa para criar valor, o que também pode ajudar a diminuir desigualdades econômicas.

Ele diz que o novo modelo "cresce a torta": ao dar autonomia ao consumidor, surgem mais casos de uso, o que cria valor novo e distribui riqueza ao mesmo tempo.

Um ponto central é diferenciar monetização de venda de dados. Vellozo explica que vender implicaria transferir a propriedade para quem compra, o que não é o objetivo do modelo.

A proposta é permitir que o valor produzido pelos dados seja combinado e trocado de forma segura, sem abrir mão da propriedade por parte do usuário.

Vellozo cita as "3 fronteiras" para contextualizar a posição do indivíduo no cenário geopolítico e afirma que a tecnologia da empresa se ancora em 3 categorias que organizam como o usuário se relaciona com suas informações.

Nesse arranjo, o indivíduo precisa se relacionar com organizações que atuam nessas fronteiras, assumindo papéis simultâneos e sendo cobrado de formas diferentes.

Para ele, o problema está na sobreposição de cobranças e serviços. "Quando olhamos para a estrutura de licenças no mundo, percebemos que pagamos licenças sobre licenças, sem parar", diz. Essa dinâmica expõe a disputa pelo valor das funções do Estado entre governo, sistema financeiro e big techs, que competem pelo controle dos dados individuais.

Vellozo vê vantagens culturais e tecnológicas no Brasil que colocam o país à frente em várias frentes dessa nova economia.

Ele destaca que a cultura brasileira, "mais coletiva e voltada ao compartilhamento", favorece o conceito de poupança de dados e, combinada à capacidade de criar produtos financeiros inteligentes, pode gerar um modelo replicável globalmente.

Mesmo assim, o país precisa criar estruturas para precificar e investir em suas próprias companhias de tecnologia, inaugurando uma "2ª e 3ª leva" de inovação após o boom do e-commerce e dos bancos digitais. É essencial que governos definam regras e garantam inclusão digital e financeira nesse salto.

Sobre as big techs, Vellozo diz que a relação é de expansão de mercado, não de confronto. Segundo ele, não há resistência significativa à monetização de dados pelos usuários.

O motivo, afirma, é que a ideia não é retirar participação das empresas existentes, mas criar novo valor econômico. "Não estamos pegando pedaços da torta, estamos crescendo a torta", diz.

Essa nova riqueza surge quando o consumidor pode combinar e usar seus próprios dados em casos de uso antes impossíveis, como resposta à assimetria de poder acumulada pelas grandes empresas de tecnologia.

A DrumWave tem subsidiárias em São Paulo e Cingapura. Seu principal produto é o dWallet, lançado em outubro de 2023 nos EUA.

O dWallet funciona como uma poupança de dados descentralizada: o usuário armazena, gerencia e monetiza suas informações digitais, transferindo o controle da nuvem para si.

Vellozo usa a analogia do sistema bancário para explicar: "O seu dado está na nuvem. Outras companhias e outras pessoas gerenciam seu dado e até se beneficiam dele. E você? Você não consegue fazer nada com ele. Você não tem autonomia sobre seus dados. O que o dWallet faz é criar uma poupança de dados e dar a você autonomia sobre eles. É como se fosse uma versão do sistema financeiro para dados."

Para ele, o 1º passo para transformar dados em valor é "fazer o indivíduo ser dono do seu dado". A partir daí, a autonomia do usuário se torna o motor da nova economia de dados.

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Publicado em 9 de novembro de 2025 às 13:15

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