O congelamento de óvulos vem crescendo como alternativa para quem deseja adiar a maternidade sem abrir mão de boas chances de engravidar no futuro.
A técnica permite guardar óvulos em uma fase de maior qualidade reprodutiva e usá-los mais adiante.
Recentemente, a influenciadora Mari Gonzalez contou que realizou o procedimento em junho, destacando a autonomia para escolher o momento de ter filhos, sem a pressão da "data limite" biológica.
"Eu decidi congelar por liberdade mesmo. Ter o meu momento, a minha escolha, saber a hora certa pra mim. Eu acho que isso diminui muito a pressão. A mulher sofre essa pressão, a gente tem realmente ali uma data limitante. Então eu quis por liberdade, por poder tomar minha própria escolha, e eu acho que foi a melhor decisão. Foi importante", declarou.
A fertilidade feminina diminui com a idade, de forma mais visível a partir dos 30 anos e, sobretudo, após os 35.
"Essa diminuição da fertilidade ocorre de forma ainda mais acentuada após os 35 anos. Isso acontece porque a mulher já nasce com todo o estoque de óvulos que será utilizado durante toda a vida reprodutiva. Ao longo do tempo, há uma queda na quantidade e na qualidade dos óvulos, com mais erros genéticos, dificultando a gestação e aumentando o risco de abortos espontâneos", explica o médico.
O que é e como funciona
A criopreservação congela células reprodutivas a -196°C, parando o metabolismo e preservando o potencial de desenvolvimento. Isso vale para óvulos, espermatozoides, embriões e até tecido ovariano.
"Embora o espermatozoide e os embriões sejam relativamente fáceis de congelar, o óvulo é a maior célula do corpo humano e contém uma grande quantidade de água. Quando congelados, formam-se cristais de gelo que podem destruir a célula. Com o passar dos anos, aprendemos a desidratar os óvulos e substituir a água por um 'anticongelante' antes do congelamento, para evitar a formação de cristais", detalha o Dr. Rodrigo.
Quem deve considerar
Além de motivos pessoais ou profissionais, o congelamento pode ser indicado em casos de doenças que afetam a fertilidade, como câncer ou endometriose, e para mulheres com histórico familiar de menopausa precoce.
"O congelamento de óvulos oferece uma chance de preservar as células reprodutivas antes que elas se esgotem", afirma o especialista.
Melhor idade
A idade pesa muito nos resultados. Quanto mais cedo, melhores são as chances.
"O ideal é realizar o congelamento até os 35 anos, pois as taxas de sucesso são mais altas. No entanto, é possível congelar óvulos até os 41 ou 42 anos, embora a probabilidade de sucesso seja consideravelmente menor após os 43", esclarece o Dr. Rodrigo.
Após os 38 anos, as chances de gravidez com óvulos congelados caem ainda mais e podem chegar a 10% ou menos, a depender do caso.
Como é o procedimento
O processo dura cerca de três semanas. Há estimulação ovariana com hormônios, aplicações para amadurecer os óvulos e, entre 9 e 10 dias depois, a coleta dos óvulos maduros para congelamento imediato.
"O procedimento é feito com sedção intravenosa, e não é doloroso. Os óvulos são então descongelados quando a mulher decide tentar a gestação, fertilizados e transferidos para o útero como embriões", conta o Dr. Rodrigo.
Armazenamento, sucesso e segurança
Não há evidências de que a qualidade dos óvulos caia com o tempo de armazenamento. Em embriões congelados, já houve gestação bem-sucedida após 27 anos de conservação. "O armazenamento de longo prazo de óvulos congelados não resulta em diminuição de qualidade", afirma.
As taxas de sucesso dependem da idade no congelamento. Até os 38 anos, cerca de 75% dos óvulos descongelam com sucesso; aproximadamente 75% sobrevivem ao processo e de 50% a 60% podem virar embriões. Acima dessa faixa, os números caem.
Estudos mostram que o procedimento é seguro: mais de 300 mil bebês nasceram de embriões congelados no mundo, sem aumento significativo de complicações. "Não houve aumento na taxa de defeitos congênitos ou cromossômicos entre embriões derivados de óvulos congelados em comparação com óvulos frescos", destaca o Dr. Rodrigo.
Técnicas mais modernas
Os métodos evoluíram e permitem selecionar embriões mais saudáveis com testes genéticos, aumentando as chances de sucesso e reduzindo o risco de gestações múltiplas, já que menos embriões são transferidos.

