Tensão nuclear: China rebate Trump e nega testes secretos
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📅 03/11/2025

Tensão nuclear: China rebate Trump e nega testes secretos

Pequim rejeitou as acusações de Donald Trump de que China e Rússia realizam testes nucleares subterrâneos; no "60 Minutes", o americano defendeu retomar testes nos EUA.

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Ronny Teles

Ronny Teles

Combatente pela democracia

A China negou nesta segunda-feira, 3, que estaria fazendo testes nucleares secretos, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusar Pequim e a Rússia de realizarem ensaios subterrâneos com armas nucleares, escondidos do público, em entrevista ao programa "60 Minutes" da CBS.

"A Rússia e a China fazem testes, mas não falam sobre isso", disse Trump, sugerindo que as duas potências violam tratados internacionais de não proliferação. "Não se sabe ao certo onde eles estão realizando os testes. Eles estão sendo feitos em locais subterrâneos profundos, onde as pessoas não sabem exatamente o que está acontecendo", afirmou.

O comentário veio após a diretiva publicada por Trump na quinta-feira 30, orientando que os Estados Unidos voltem a realizar testes nucleares, citando as rivais. No "60 Minutes", ele repetiu: "Não quero ser o único país que não realiza testes", incluindo ainda Coreia do Norte e Paquistão entre os que, segundo ele, testariam seus arsenais.

Em resposta, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, rejeitou as alegações. "A China sempre seguiu o caminho do desenvolvimento pacífico, mantém a política de não ser a primeira a usar armas nucleares, defende uma estratégia nuclear de autodefesa e cumpre seu compromisso de suspender os testes nucleares", disse, em coletiva de imprensa em Pequim.

As acusações surgem em meio à escalada da retórica nuclear russa, com o anúncio do teste do míssil de cruzeiro com propulsão nuclear Burevestnik e do supertorpedo movido a energia nuclear Poseidon, que analistas avaliam poder devastar regiões costeiras com ondas radioativas. Nenhum país além da Coreia do Norte, no entanto, detonou uma ogiva atômica em décadas. Rússia e China não realizam testes desse tipo desde 1990 e 1996, respectivamente.

Rússia e Estados Unidos concentram cerca de 90% de todas as armas nucleares do planeta. O tamanho dos estoques militares de ambos parece ter permanecido relativamente estável em 2024, mas os dois implementam amplos programas de modernização que podem aumentar o volume e a diversidade de seus arsenais.

Segundo relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), divulgado em junho, os Estados Unidos têm cerca de 5.328 ogivas, e a Rússia, 5.580. Na sequência aparecem China (500), França (290), Reino Unido (225), Índia (172), Paquistão (170), Israel (90) e Coreia do Norte (50).

Mesmo atrás, a China é o arsenal que mais cresce, com cerca de 100 novas ogivas por ano desde 2023. Até janeiro de 2025, o país havia concluído, ou estava perto de concluir, cerca de 350 novos silos de ICBM em três grandes campos desérticos no norte e três áreas montanhosas no leste. Mesmo que atinja 1.500 ogivas até 2035, isso representará cerca de um terço dos estoques atuais de Moscou e Washington.

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Publicado em 3 de novembro de 2025 às 15:34

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