Tornado devastador no Paraná expõe risco climático crescente
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📅 11/11/2025

Tornado devastador no Paraná expõe risco climático crescente

Com ventos de 300 a 330 km/h, um tornado classificado como F3 destruiu Rio Bonito do Iguaçu, deixou ao menos 7 mortos e mais de 700 feridos. Especialistas apontam que eventos extremos tendem a ser mais frequentes e exigem adaptação urgente.

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Ronny Teles

Ronny Teles

Combatente pela democracia

O tornado que arrasou Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, na sexta-feira, evidenciou a gravidade da crise climática. Com rajadas entre 300 km/h e 330 km/h e classificação F3 na escala Fujita, a tempestade destelhou prédios, derrubou árvores e postes, arrastou veículos e destruiu até centros de atendimento. Ao menos sete pessoas morreram e mais de 700 ficaram feridas na cidade de pouco mais de 14 mil habitantes.

Segundo meteorologistas, a combinação de calor, umidade e mudanças na direção e intensidade dos ventos favoreceu a formação do fenômeno. Houve registros de outros tornados em Guarapuava e Turvo, com ventos abaixo de 300 km/h. Apesar do impacto, não se trata de um evento isolado.

Entre 1975 e 2018, a Região Sul contabilizou 411 tornados, média de 9,6 por ano, conforme estudo da Universidade Estadual de Ponta Grossa. O Paraná somou 89 no período, em geral com ventos de até 180 km/h. Eventos extremos desse tipo têm ficado — e, pelas projeções, ficarão — mais intensos e frequentes.

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais aponta uma particularidade dos tornados: não é possível prever sua formação com precisão nem estimar a intensidade com antecedência. Ao contrário de tempestades severas, municípios não conseguem acionar planos de contingência para evacuação, rotas de fuga e abrigos com o mesmo grau de preparação.

Às vésperas da COP30, que começou nesta segunda-feira em Belém, a tragédia chama atenção para o lado mais agudo do aquecimento global. "A mudança climática saiu dos relatórios e entrou para a vida real", diz Márcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima. "O que se discute hoje é com que nível de mudança climática queremos lidar nas próximas décadas, se estabilizaremos o clima num nível em que poderemos nos adaptar ou conviveremos com algo muito pior."

Ninguém deve se iludir. Continua a ser indispensável reduzir os níveis de emissões de gases de efeito estufa.

Mas isso não bastará. Será preciso investir em adaptação para encarar tornados, tempestades arrasadoras, incêndios florestais, secas severas, enchentes ou avalanches. No panorama atual, não há qualquer perspectiva de trégua.

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Publicado em 11 de novembro de 2025 às 11:14

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