ECONOMIA MUNDO

Dólar norte-americano perde força como moeda de reserva e comércio global

O domínio do dólar dos EUA como moeda de reserva está em declínio, como evidenciado pela reação de vários países às sanções contra a Rússia e a busca por moedas alternativas para transações comerciais. Diversos fatores estão contribuindo para essa mudança, incluindo as políticas monetárias dos EUA, o aumento do valor do dólar e as mudanças no comércio global de petróleo.

A moeda americana, o dólar, que atuou por tempos como a moeda de reserva mundial, parece estar perdendo seu posicionamento. Esta situação é sugerida principalmente pela maneira como alguns países estão reagindo às sanções impostas à Rússia e intensificando a consideração de outras moedas para o comércio. Além do mais, a força do dólar e as alterações estruturais no comércio mundial de petróleo estão contribuindo para este declínio. Quase 60% das reservas internacionais atualmente estão sob a forma de ativos em dólares, com base em informações do Fundo Monetário Internacional, sendo o dólar a moeda mais utilizada nas negociações comerciais globais.

Os recentes embargos contra a Rússia, liderados pelos países ocidentais em relação à sua invasão da Ucrânia, estão levando outros países a pensarem nas possíveis implicações de desafiar Washington. Países como Brasil, Argentina, Bangladesh e Índia já estão pesquisando possíveis moedas e ativos alternativos para negociações e pagamentos, tais como o yuan chinês e a criptomoeda bitcoin, de acordo com uma matéria do Business Insider.

Muito das políticas monetárias ao redor do mundo são influenciadas pela dos EUA. O dólar tem papel fundamental no comércio internacional e em sistemas de pagamento, detendo assim um vasto controle sobre a economia global. O Centro Wilson reportou em maio que isso permite aos Estados Unidos deterrar um 'privilégio exorbitante', como afirmou Valéry Giscard d'Estaing, ex-presidente da França (1974-1981). Isso revela que os EUA não teriam que enfrentar uma crise se não conseguissem saldar as suas dívidas caso o valor do dólar despencasse, já que o país poderia simplesmente emitir mais dinheiro.

No entanto, o valor elevado do dólar está se tornando um encargo para as nações emergentes. A valorização do dólar comparado a outras moedas torna as importações mais caras para esses países. O exemplo da Argentina destaca essa realidade, onde a política interna e a queda nas exportações causaram uma redução nas reservas de dólar, pressionando o peso argentino e alimentando a inflação. Como resultado, o país agora está optando por utilizar o yuan chinês em vez do dólar americano para pagamentos de importações provenientes da China, segundo informa a Reuters.

A diversificação do comércio global e a demanda de petróleo estão colocando em risco a posição do petrodólar. Uma das razões que consolidou o dólar como moeda de reserva foi o acordo firmado em 1945 entre a Arábia Saudita e os EUA para que a venda de petróleo fosse realizada somente por meio de dólares. Contudo, a independência energética dos EUA e a ascensão da indústria de petróleo de xisto afetaram a estrutura do mercado de petróleo, podendo ameaçar o papel do dólar como moeda de reserva mundial, como menciona um relatório dos economistas da Allianz.

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