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Papa impõe punição a cardeal conservador opositor, afirma mídia

O clérigo americano tradicionalista Raymond Burke, que questiona as políticas e mudanças na doutrina propostas pelo papa, é alvo de medidas punitivas.

Desde 2013, quando o Papa Francisco assumiu a liderança da Igreja Católica, o cardeal americano Raymond Burke tem sido seu principal crítico interno, se tornando uma figura alternativa para os tradicionalistas frustrados que acreditam que as ações do Papa ameaçam a doutrina.

Francisco já limitou os privilégios e a influência de Burke em várias ocasiões. No entanto, neste mês, parece que o Papa finalmente se cansou dessa disputa, de acordo com uma fonte de alto escalão do Vaticano que preferiu não ser identificada. Segundo essa fonte, o Papa mencionou em uma reunião de alto nível dentro da organização que planeja tirar do cardeal seu privilégio de morar em um apartamento subsidiado e também remover sua remuneração de cardeal aposentado.

Essas alegações surgiram primeiramente na imprensa italiana conservadora La Nuova Bussola Quotidiana, uma publicação que é próxima a Burke. Tais informações vieram a público poucas semanas depois do Papa afastar outro crítico conservador, Joseph Strickland, bispo de Tyler, Texas, que sofreu uma investigação do Vaticano sobre como ele administra a sua diocese.

Strickland se manifestou na segunda-feira (27), dizendo: 'Se isso for verdadeiro, é um absurdo que deve ser combatido', 'Se for uma informação falsa, precisa ser corrigida imediatamente'.

Nesta terça-feira, ao ser questionado a respeito das alegações da reportagem, Matteo Bruni, porta-voz do Vaticano, evitou tanto confirmar quanto negar essas informações, alegando não ter 'nada em particular a dizer sobre isso'. A mesma reportagem também sustenta que o Papa Francisco explicou em um momento posterior que optou por retirar os privilégios de Burke porque ele os estava usando em uma campanha de oposição à igreja.

O Corriere della Sera, outro jornal italiano, também confirmou a informação sobre a possível punição ao cardeal, com base em um informante anônimo. A fonte disse ao jornal que a punição envolveria 'medidas de natureza econômica e penais' e que durante a reunião, o Papa se referiu a Burke como 'um inimigo'.

Burke, que já foi próximo do Papa Bento XVI, morto em dezembro de 2022, por várias vezes entrou em conflito com Francisco, inclusive nas escolhas de vestimenta dos religiosos. Diferente do Papa, que preza por trajes mais sóbrios, Burke já foi flagrado usando roupas extravagantes, o que levou membros do Vaticano a pedirem que ele 'maneirasse um pouco'.

Para muitos católicos conservadores nos Estados Unidos, as medidas para conter Burke são vistas como uma sinalização de que Francisco está reprimindo excessivamente os dissidentes à sua direita.

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