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Atenção ao aliado: Possível papel decisivo dos EUA no conflito entre Guiana e Venezuela

O conflito territorial entre a Venezuela e a Guiana, a respeito de Essequibo, coloca outras nações, como os Estados Unidos e o Brasil, em papéis destacados. O governo dos EUA, fortemente aliado da Guiana, mantém uma posição de observação à medida que a Venezuela lida com negociações delicadas sobre sanções econômicas.

A questão em torno de Essequibo está sendo monitorada de perto. O território, reivindicado pela Venezuela, foi o foco de um referendo venezuelano realizado em dezembro. Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, e Irfaan Ali, da Guiana, acordaram discutir a disputa em uma reunião.

Não são apenas Guiana e Venezuela que mantêm os olhos nesta questão. Estados Unidos e Brasil ganharam destaque neste cenário de tensão diplomática. Vale lembrar que o governo americano é um forte aliado econômico e político da Guiana, enquanto a Venezuela lida com negociações arriscadas para aliviar as sanções econômicas dos Estados Unidos, em troca de concessões eleitorais e garantias de direitos humanos.

Mesmo com a movimentação militar anunciada pela embaixada americana no último dia 9/12, especialistas indicam que o presidente dos EUA, Joe Biden, não tem na sua lista de prioridades intervir na região, nem instala uma base militar na Guiana, conforme teme o governo brasileiro. Philip Gunson, analista sênior para os Andes do International Crisis Group em Caracas, comentou o assunto à BBC Brasil: 'Washington declarou seu apoio à Guiana e acredito que eles querem dar à Venezuela a impressão de que haveria uma resposta rápida e decisiva a qualquer movimentação militar [da Venezuela]'.

Outros especialistas, como Jorge Heine e Jeff Colgan, reforçam esta posição. De acordo com eles, os EUA já lidam com conflitos suficientes - como a guerra na Ucrânia e a crise em Gaza - e não estão dispostos a buscar mais um, especialmente um que possa levar a uma luta militar. Eles acreditam que a questão entre a Guiana e a Venezuela pode ser resolvida pacificamente.

Outro ponto importante na questão é o peso dos interesses econômicos. A Guiana descobriu reservas de petróleo - estimadas em 11 bilhões de barris - em 2015, incluindo na região de Essequibo. Isso ajudou na expansão da economia do país, com uma das maiores taxas de crescimento do mundo. Uma das empresas explorando as reservas guianenses é a americana Exxon.

Contrapondo isso, Nicolás Maduro parece não ter como foco o acesso a novas reservas de petróleo, mas sim sua própria sobrevivência política. Diante disso, ele evoca sentimentos nacionalistas entre os venezuelanos através da 'anexação' de Essequibo como uma estratégia política. Entretanto, essa estratégia pode trazer problemas econômicos de longo prazo para a Venezuela.

O conflito pela Essequibo também representa um desafio para o governo Lula e para a diplomacia brasileira, que podem ter um papel importante como intermediários nas negociações entre Venezuela e Guiana. Ao telefonar para Maduro, o presidente Lula afirmou a importância de evitar medidas unilaterais que possam agravar a situação. Esta é uma oportunidade para o Brasil exercer sua influência e manter uma posição de controle.

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