Um encontro repleto de tensões e interrupções constante foi pauta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para abordar a crise atual causada pela ruptura de uma mina de sal-gema explorada pela Braskem, em Maceió. Os convidados para a dura discussão foram nada menos que seus desafetos, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (Progressistas-AL).
O objetivo inicial do encontro era avaliar os possíveis riscos que a iminente Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instaurada para investigar o incidente, trazem para a política. Entretanto, Lula propôs ideias que podem promover transformações no caminho que as empresas seguem atualmente. Uma dessas propostas, ainda em fase de debate, é o possível aumento da participação acionária da Petrobras na Braskem, visando facilitar a aquisição da petroquímica por grupos empresariais internacionais.
Na visão de um membro anônimo que esteve presente na reunião, 'A Petrobras é acionista e poderia aumentar a participação'. Um dos assuntos em discussão é a proposta da Adnoc, a empresa estatal dos Emirados Árabes, de adquirir uma participação de 35,3% dos ativos da Novonor (ex-Odebrecht) na Braskem. A Petrobras, em sua vez, confirmou por meio de um comunicado que está avaliando o seu possível direito de preferência para alienação das ações detidas pela Novonor na Braskem.
Lula também declarou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não participará do processo financeiro para empresas nacionais que demostrarem interesse na Braskem. A justificativa para esta decisão parte da premissa que o BNDES apenas sera acionado se a compra resultar em novos empregos, o que no atual cenário, não é válidado. Empresas como o fundo árabe e a J&F, holding controladora da JBS, são alguns dos interessados no negócio.
O presidente brasileiro rejeitou também propostas de dividir a Braskem, por exemplo, vendendo suas filiais internacionais. Ele propôs encontrar uma solução que não envolva o escrutínio de uma comissão de inquérito e sugeriu a contratação de uma empresa externa para encerrar o debate sobre a verdadeira extensão da área sob risco de colapso. Mesmo diante de sua oposição, a CPI foi oficialmente instalada no dia 13, tendo o senador Omar Aziz (PSD-AM) como seu presidente.
Estiveram presentes na reunião, além de Lira e Renan, o Ministro dos Transportes Renan Filho (MDB-AL), os senadores Rodrigo Cunha (Podemos-AL) e Fernando Farias (MDB-AL), o prefeito de Maceió João Henrique Caldas, e o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL). O clima da reunião foi carregado de tensão.
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