MUNDO POLÍTICA

Catar, mediador crucial na guerra, acusa Israel de ‘genocídio’

Emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad al-Thani, caracteriza a ação militar de Israel em Gaza como 'genocídio' e denuncia 'assassinato sistemático e intencional de civis'; ONU declara que em Gaza 'não existem zonas seguras', contrariando a promessa de Tel Aviv

O chefe de estado do Catar, o xeque Tamim bin Hamad al-Thani, caracterizou a operação militar de Israel em Gaza como um “genocídio” na terça-feira, 5. Como uma nação árabe chave na mediação entre os lados envolvidos no conflito do Oriente Médio, o Catar foi essencial no tratado de cessar-fogo provisório que resultou na libertação de mais de 100 reféns do Hamas na semana anterior. Contudo, as declarações recentes de seu líder diminuem a probabilidade de um retorno às tratativas de paz.

Em suas declarações durante a abertura da cúpula do Conselho de Cooperação do Golfo em Doha, al-Thani expressou sua indignação referente ao fato da comunidade internacional permitir a continuação do conflito. “As forças de ocupação de Israel violaram todos os valores políticos, éticos e humanitários” exclamou, acusando Tel Aviv de “assassinar de maneira sistemática e intencional, civis inocentes e desarmados”.

O Catar desempenhou um papel importante na negociação do cessar-fogo temporário entre Israel e o Hamas, que proporcionou a libertação de mais de 100 reféns presos em Gaza desde o ataque de 7 de outubro. Além disso, vários palestinos que estavam sob custódia em prisões de Israel foram liberados.

“Este é um genocídio cometido por Israel”, concluiu, solicitando ao Conselho de Segurança da ONU que pressione o Estado israelense a retornar às negociações de paz.

As observações do xeque vem em um momento em que as forças israelenses continuam com os ataques aéreos e terrestres no sul da Faixa de Gaza, local atualmente foco de sua operação militar no território palestino. Na semana passada, os Estados Unidos, principal aliado de Israel, afirmaram que Tel Aviv não atingiria áreas identificadas como “seguras” após o fim do cessar-fogo.

Entretanto, na terça-feira, Philippe Lazzarini, que comanda a agência da ONU para refugiados palestinos em Gaza (UNRWA), declarou que essas zonas seguras eram uma falácia. “Já declaramos isso várias vezes. Não há lugar seguro em Gaza, seja no sul, sudoeste, em Rafah ou em qualquer área unilateralmente classificada como ‘zona segura’”, disse ele.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), pediu novamente que Israel protegesse os civis e a infraestrutura civil, incluindo hospitais. O Ministério da Saúde de Gaza relata que aproximadamente 900 palestinos foram mortos desde o fim da trégua na sexta-feira anterior.

Israel argumenta que o Hamas utiliza civis como “escudos humanos”, expondo-os deliberadamente ao perigo ao operar a partir de edificações civis, inclusive túneis que só podem ser destruídos por meio de bombardeios. O Hamas, por sua vez, nega tais alegações.

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