Quase 37.000 assassinatos de pessoas negras ocorreram no Brasil em 2021, correspondendo a 79% do total de 47.800 homicídios no país, segundo a última edição do Atlas da Violência, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta terça-feira, 5.
No período entre 2020 e 2021, houve uma redução de 3,5% nos homicídios de negros, porém na última década ocorreu um aumento de 3,7%. Conforme aponta o Ipea, o cenário mais crítico foi registrado na Bahia, onde 6.700 pessoas negras foram mortas em 2021, representando um aumento de 40,2% nos últimos dez anos. O estado apresenta a maior quantidade de pessoas que se autodefinem como pardas ou pretas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Embora a Bahia contenha a maior população negra do país, a maior taxa de assassinatos de negros foi verificada no Amapá, com 60,7 vítimas para cada 100 mil habitantes. Nesse mesmo estado também houve o maior crescimento desse indicador, com aumento de 86,1% de 2011 a 2021. No estado de Alagoas, a disparidade entre homicídios de negros e de outras raças/cores é exorbitante, onde 99% dos homicídios ocorridos em 2021 foram de pessoas pardas ou pretas.
O Atlas da Violência também revela que houve um aumento de 0,7% nos casos de feminicídio entre 2020 e 2021, com um total de 3.800 vítimas em todo o país. Na Bahia, o quadro é o mais grave, tendo sido registradas 463 mulheres assassinadas de janeiro a dezembro do mesmo ano, sendo 401 (86%) delas negras.
Um dos dados mais alarmantes é a proporção de mulheres negras entre as vítimas desse crime. Em 2021, houve 2.600 feminicídios de mulheres negras, que correspondem a 67,4% do total de mulheres assassinadas no país. Apesar de uma queda de 2,8% nos casos entre mulheres não-negras durante um ano, esse indicador aumentou 0,5% no mesmo período para mulheres negras.
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