O presidente Luiz Inácio Lula da Silva espera que o novo procurador-geral da República, Paulo Gonet, evite 'acusações sem fundamento' durante seu mandato. Lula expressou esta esperança durante a cerimônia de posse de Gonet que aconteceu na sede do Ministério Público Federal.
Lula, visivelmente emocionado, criticou a Operação Lava-Jato durante seu discurso. De acordo com ele, o Ministério Público Federal precisa 'jogar com a verdade' para evitar 'aventuras' prejudiciais. Ele alertou que certas 'acusações' podem 'destruir' a vida de 'inocentes'.
Em suas palavras, 'Doutor Paulo [Gonet], eu só queria pedir uma coisa. Que você só tenha uma preocupação: fazer com que a verdade, e somente a verdade, prevaleça acima de qualquer outro interesse. Acusações sem fundamentos não fortalecem a democracia', afirmou o presidente.
Depois, Lula ressaltou que houve um período em que as manchetes de jornais superavam em importância os processos judiciais. Ele defendeu que o MPF não pode tratar 'todo político como corrupto'. Segundo ele, 'Não existe a possibilidade de o Ministério Público achar que todo político é corrupto. É um conceito que se criou na sociedade de que qualquer denúncia contra qualquer político já parte do pressuposto de que é verdadeira, e nem sempre é', argumentou.
Esta mensagem foi desferida na presença do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, conhecido por ser adversário de Lula, que decidiu comparecer à posse de Paulo Gonet. Janot se encontrava sentado na primeira fileira do auditório, local reservado aos ex-procuradores-gerais, e ficou frente a frente com o presidente.
Janot liderou a PGR durante o auge da Lava-Jato, exercendo o cargo de 2013 a 2017. Ele foi responsável pela criação da força-tarefa de Curitiba. Foi sob sua direção que os procuradores do Paraná condenaram Lula à prisão no caso tríplex do Guarujá.
Lula aconselhou o novo PGR a evitar que denúncias sejam divulgadas antes que a verdade seja descoberta. 'Muitas vezes se destrói uma pessoa sem dar a ela a chance de se defender. E quando as pessoas são provadas inocentes, isso não é reconhecido publicamente. Importante que o MP recupere aquilo que foi razão pela qual os constituintes o enalteceram: garantir a liberdade, a democracia, a verdade', mencionou.
No final do discurso, Lula declarou que nenhum procurador deve se submeter a um presidente da República, mas também não deve ser subserviente às 'manchetes de jornal' ou 'canal de televisão'. No final, o presidente da República afirmou que, se o Ministério Público Federal quiser evitar 'aventuras', então deve 'jogar com a verdade'. Ele assegurou que 'nunca' pedirá favores ao novo PGR nem exercerá pressão política sobre a instituição.
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