DIREITO MUNDO SEGURANÇA PÚBLICA

Negar senha do celular à polícia é protegido por lei, conclui tribunal norte-americano

Tribunal Superior de Utah, nos EUA, decide que um suspeito pode se recusar a fornecer a senha do celular à polícia durante uma investigação criminal, com base na Quinta Emenda da Constituição dos EUA.

De acordo com uma decisão unânime do Tribunal Superior de Utah, nos Estados Unidos, os suspeitos em investigações criminais têm direito de não fornecer a senha de seus celulares para a polícia. O argumento se baseia no privilégio de não autoincriminação, garantido pela Quinta Emenda da Constituição americana.

Entretanto, há duas razões pelas quais a Suprema Corte dos EUA precisa intervir no caso. Primeiro, a decisão é de um tribunal superior de Utah e Pensilvânia, enquanto o tribunal de Nova Jersey possui uma decisão conflitante. Além disso, a decisão atual refere-se apenas à revelação verbal da senha, e não sobre um pedido da polícia ao suspeito para desbloquear o telefone.

Em um caso levado ao Tribunal Superior de Utah (State v. Valdez), foi destacado que o suspeito, Alonso Valdez, recusou-se a fornecer a senha do seu celular aos investigadores. Eles buscavam provas para apoiar a acusação de sequestro, agressão e roubo de sua ex-namorada. Valdez foi condenado pelo júri, porém, a decisão foi anulada em um tribunal de recursos do estado. A justificativa foi a de que, por conta da Quinta Emenda da Constituição, o réu tinha o direito de recusar a fornecer a senha à polícia, mesmo com um mandado judicial, pois isso configuraria autoincriminação.

Por outro lado, ainda não está claro se um pedido da polícia para desbloquear o celular teria o mesmo efeito. A Justiça precisa decidir se o réu pode se recusar a desbloquear o celular, e se tal recusa pode ser usada contra ele no tribunal. Isso coloca em evidência um impasse sobre duas formas distintas de acesso aos dados: fornecer a senha verbalmente ou desbloquear o telefone por meios biométricos.

A Quinta Emenda da Constituição dos EUA garante alguns dos principais direitos dos réus, incluindo o da proteção contra autoincriminação. Quando alguém invoca a Quinta Emenda, seu silêncio ou recusa em responder perguntas não podem ser usados contra ele em julgamentos criminais. Entretanto, invocar a Quinta Emenda pode ter consequências nas ações civis, sendo que o juiz ou o júri podem inferir conclusões adversas, que apoiam a responsabilização quando o réu invoca esse direito.

Deixe um Comentário!

Para comentar, faça Login, clicando aqui.