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Novo procurador-geral precisará lidar com desafios que podem abalar aliança com o STF

Ao assumir a liderança da Procuradoria-Geral da República, Paulo Gonet enfrentará a missão de administrar casos complicados que podem colocar em teste sua relação com o Supremo Tribunal Federal, particularmente com o ministro Alexandre de Moraes.

Ao assumir a Procuradoria-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, escolhido pessoalmente pelo presidente Lula, ressaltou que o trabalho da instituição deve ser focado na defesa da democracia e da constituição. Porém, seus desafios na liderança da PGR vão além disso.

Os casos controversos envolvendo a delação do ex-assistente Mauro Cid, e as investigações das joias sauditas, a falsificação do cartão de vacinação de Covid-19 e a organização dos atos antidemocráticos cujo apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, todos sob a supervisão de Moraes, estão entre os principais desafios que o novo procurador-geral terá que enfrentar.

Já houve conflitos entre a PGR e o STF em relação a esses casos. Em novembro, a delação de Mauro Cid foi classificada como 'fraca' pelo subprocurador Carlos Frederico Santos, que entregou o cargo antes da posse de Gonet.

Como resposta aos desafios, Gonet terá que decidir se denunciará ou não Bolsonaro nesses inquéritos. Há também uma pressão dos aliados de Bolsonaro para que Gonet convença Moraes a liberar as 66 pessoas que ainda estão presas por sua participação nos atos golpistas.

Nos bastidores, parlamentares bolsonaristas pressionam Gonet em relação ao caso de Cleriston Pereira da Cunha, que morreu em prisão preventiva, apesar de a PGR ter concordado com a liberação em setembro. O ministro Moraes, porém, não avaliou o pedido a tempo. Com a repercussão negativa do caso, Moraes finalmente ordenou a libertação de 11 detidos.

Todos esses caso vão configurar o cenário e podem gerar tensão nas relações entre Gonet e Moraes. Destaca-se ainda a investigação das agressões sofrida pelo ministro Moraes e sua família no aeroporto de Roma em Julho. Todos os casos vão testar o equilíbrio e o nível de alinhamento que Gonet conseguirá manter com o STF.

Segundo o advogado Roberto Dias, professor de direito constitucional da FGV São Paulo, o novo procurador-geral deve atuar de forma independente, sem ser refém de qualquer poder. Para Dias, Gonet deverá se concentrar na redução dos conflitos com o STF sem desrespeitar a Constituição.

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