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Revelado instrumento de tortura no prédio da Polícia Federal no Rio

Ao fim da ditadura, um juiz realizou uma diligência na Polícia Federal e descobriu instrumentos que seriam usados para montar um 'pau de arara', um torturador infame. Esta descoberta levou a uma investigação por um delegado da própria Polícia Federal, que acabou pedindo que o caso fosse arquivado.

O juiz Eduardo Mayr estava interrogando o delegado Mário Cassiano Dutra quando questionou sobre a existência de um 'pau de arara' no prédio da Polícia Federal no Centro do Rio. Esta interrogação surgiu após uma acusação feita pelo advogado Nélio Andrade, de que Dutra o teria agredido. O delegado negou a existência de tal instrumento de tortura, mas o juiz duvidou e decidiu explorar a sede da PF, acompanhado de Nélio Andrade, Mário Dutra e um promotor público, bem como um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Naquela época, era janeiro de 1985, e o Brasil estava apenas começando a se recuperar de 21 anos de ditadura militar. Mesmo após o fim do regime, começaram a aparecer várias denúncias de prisões arbitrárias e tortura nas instalações dos órgãos de segurança envolvidos na repressão às vozes opositoras ao regime.

O cantor português Sérgio Godinho, que foi preso por 40 dias em 1982 após tentar entrar ilegalmente no Brasil, alegou ter sido torturado com choques elétricos na Superintendência da Polícia Federal do Rio.

Na inspeção comandada pelo juiz Eduardo Mayr encontrou dois pneus e uma barra de ferro com dois metros de comprimento, ambas usadas para montar o 'pau de arara', bem como um arame preso a uma longa haste de madeira que supostamente era usada para aplicar choques elétricos em prisioneiros.

O diretor geral da Polícia Federal na época, coronel Moacyr Coelho, enviou o delegado Aldinor de Oliveira Luz ao Rio para investigar o material encontrado. Luz defendia que os objetos encontrados não eram partes de um 'pau de arara' e pediu o arquivamento do caso.

No entanto, a história parece não ter terminado aí. Paralelamente, o ex-delegado federal Elmar Alves e Silva fez uma denúncia, na qual identificou supostos torturadores dentro da PF com base em relatos recentes. A resposta a esta denúncia veio de Oliveira Luz que, sem se alterar, afirmou que o ex-delegado havia sido demitido por furto e abuso de poder.

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