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Convertendo monocultura em multi-lavoura: a chave para proteger a fauna nativa em São Paulo?

Um estudo recente da Universidade de São Paulo (USP) mostra que a diversidade de culturas agrícolas no nordeste de São Paulo é benéfica para a manutenção das espécies nativas de mamíferos na região.

Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade de São Paulo (USP) indica que a diversificação nas plantações localizadas em São Paulo, principalmente na região nordeste, pode ser benéfica para a manutenção de espécies nativas de mamíferos em regiões onde a monocultura prevalece. Além disso, a heterogeneidade da paisagem agrícola pode auxiliar no controle de espécies invasoras como os javalis.

O estudo da USP, publicado no Journal of Applied Ecology e financiado pela Fapesp, foi focado numa região agrícola de São Paulo dentro do bioma cerrado, cobrindo uma extensa área de 34 mil quilômetros quadrados que engloba mais de 85 municípios na região de Ribeirão Preto e Araraquara.

Marcella do Carmo Pônzio, pesquisadora do Instituto de Biociências da USP, explica que agriculturas diversificadas, especialmente aquelas gerenciadas por agricultura familiar ou sistemas de agrofloresta, são benéficas para a biodiversidade quando comparadas à monocultura. Ela revela que estabelecimentos agrícolas mais diversos e sistemas de rotação de culturas e cultivos consorciados, podem ajudar a conservar mais espécies nativas e também controlar espécies invasoras inferior.

Marcella ressalta que a área de estudo foi dominada pela agricultura intensiva em monocultura, que resultou no desmatamento da região, homogeneizando a paisagem e reduzindo a cobertura de vegetação nativa. Ela relata que a maioria das propriedades na região não cumprem com a exigência do Código Florestal de conservação de 20% da vegetação nativa, além das áreas de preservação permanente (APPs).

A região é conhecida por sua grande diversidade de espécies nativas: veados, tatus e onças pardas, dentre outros. Para conservar essas espécies, o mesmo estudo ressalta que, além de seguir as exigências do Código Florestal, é necessário diversificar ainda mais a agricultura na região.

O estudo também chamou a atenção para a relação entre a diversificação da lavoura e a diminuição de espécies invasoras como o javali, uma das espécies invasoras que mais causa danos em São Paulo. A pesquisa constatou que a diversidade da paisagem agrícola reduz a presença dos javalis, espécie que pode transmitir doenças e causar danos a lavoura e ao meio ambiente.

Portanto, fazer a transição para um modelo de agricultura mais diversificado tem o potencial de ajudar no controle de espécies invasoras, além de contribuir para a manutenção da fauna nativa e promover a biodiversidade.

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