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Mulheres negras marcham em busca de igualdade nas ruas do Rio

Este ato, em sua décima edição, é um grito de resistência contra o racismo e em favor do coletivo.

A 10ª edição da Marcha das Mulheres Negras reuniu diversas gerações em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, neste domingo (28). Com 92 anos, Nair Jane de Castro Lima, ex-empregada doméstica e líder sindical, marcou presença no evento para continuar sua luta pelos direitos dos trabalhadores domésticos e para servir de exemplo para as novas gerações.

Pais também levaram seus filhos para a marcha. Luciane Costa, que estava com as netas Manuela, de três anos, e Mirela, de seis, acredita que é importante que as crianças aprendam desde cedo a lutar contra o racismo.

Organizada pelo Fórum Estadual de Mulheres Negras, a marcha fechou uma semana de mobilização pelo Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, que acontece em 25 de julho. Reuniu também representantes de 52 dos 92 municípios do Rio de Janeiro. Mulheres negras de favelas, comunidades, periferias e terreiros marcaram presença.

Entre as demandas estão moradia, educação e uma vida sem violência. As estatísticas mostram que as mulheres negras enfrentam desafios maiores que outros membros da sociedade brasileira. De acordo com dados do IBGE analisados pela organização Ação Educativa, em 2023, as mulheres negras de 18 a 29 anos tiveram uma taxa de desemprego três vezes maior que a dos homens brancos.

A marcha também protestou contra as decisões judiciais que absolvem agentes de segurança envolvidos na morte de negros e contra o Projeto de Lei 1904/24, que propõe que o aborto realizado acima de 22 semanas de gestação seja considerado homicídio, mesmo em casos de estupro.

A luta contra o racismo obstétrico e a mortalidade materna negra também estiveram presentes em faixas e cartazes. Dados do Ministério da Saúde de 2022 mostram que o índice de mortes maternas de negras era de 100,38 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos. Entre as brancas, a taxa era de 46,56.

Os organizadores esperam que, daqui a dez anos, haja avanços na questão racial no país, de forma que a marcha possa ocorrer em um ambiente de celebração e não de protesto.

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