RJ acelera megaoperações: Rocinha e Maré na mira; ocupações em Jacarepaguá
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📅 06/11/2025

RJ acelera megaoperações: Rocinha e Maré na mira; ocupações em Jacarepaguá

O governo do Rio planeja ao menos dez novas ações após a operação no Alemão e na Penha. A partir da próxima semana, incursões diárias miram a retirada de barricadas, e em dezembro deve haver ocupações na região de Jacarepaguá.

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Ronny Teles

Ronny Teles

Combatente pela democracia

O governador Cláudio Castro afirmou que há mais dez operações programadas, nos moldes da ação nos complexos do Alemão e da Penha, que terminou com 121 mortos e 99 presos. A partir da próxima semana, de cinco a dez grupos de policiais farão incursões diárias na Zona Sudoeste e na Baixada Fluminense para retirar barricadas. Na lista de novas megaoperações estão comunidades como Rocinha, Cidade de Deus, Complexo da Maré e Complexo de Israel (Vigário Geral, Parada de Lucas e Cidade Alta), com alegação de que já há autorização judicial.

— Temos mais dez operações agendadas — afirmou Castro.

O secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos, evitou antecipar os alvos das próximas ações, mas disse que os inquéritos que identificam chefes de quadrilhas e outros criminosos à frente das comunidades estão avançados.

Questionado sobre a Rocinha, ele reconheceu semelhanças com os complexos do Alemão e da Penha. A favela é apontada como um dos principais entrepostos de drogas do Comando Vermelho e abriga criminosos de outros estados, funcionando como um bunker.

Em junho, veio a público um vídeo que mostra cerca de 400 criminosos do Ceará e do Rio fugindo pela mata da Rocinha durante ação policial.

— Aquela operação tinha um objetivo diferente — explicou Santos. — Eram criminosos, chefes do tráfico do Ceará, que estavam na Rocinha e chegaram a influenciar na eleição municipal de lá. Trabalhamos de forma articulada. Demos suporte e protegemos os promotores do Ceará, que constataram o edifício que funcionava como bunker dos criminosos.

Segundo Santos, a Rocinha é hoje protegida por cerca de 800 traficantes e foi dividida estrategicamente pelo Comando Vermelho para uma "melhor organização". O chefe do tráfico local seria John Wallace da Silva Viana, o Johnny Bravo. O lado esquerdo da parte superior ficou sob responsabilidade de cearenses que moram em uma mansão com piscina e sauna; o lado direito está com Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha; a parte inferior segue com Johnny Bravo e seu grupo.

— Essa divisão acaba descentralizando um pouco a administração — analisou o secretário, ressaltando que o controle continua com Johnny Bravo, que recebe pelo "arrendamento" do espaço. — Tudo é lucro.

Na avaliação do secretário, além das ações policiais, é fundamental "seguir o dinheiro", com rastreamento de transações financeiras. Em reunião recente com o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, ficou acertado apoio federal com analistas para investigar a origem dos recursos das facções e para coibir a entrada de armas, principalmente fuzis, no estado.

A ocupação permanente de comunidades atende determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da ADPF das Favelas, que busca reduzir a letalidade policial no Rio. O estado deve apresentar o plano até 20 de dezembro.

No planejamento, a Secretaria de Segurança convocou outros órgãos estaduais para levantarem equipamentos públicos e projetos na Gardênia Azul, na Muzema e em Rio das Pedras e entornos. Documento oficial indica que essas favelas foram "priorizadas para o Plano de Reocupação Territorial". Trinta secretarias, além do Gabinete de Segurança Institucional, da Controladoria e da Procuradoria-Geral do Estado, têm prazo para enviar dados.

Historicamente dominadas pela milícia, Gardênia e Muzema estão entre as comunidades recentemente tomadas pelo Comando Vermelho na Baixada de Jacarepaguá. Rio das Pedras — a quinta favela mais populosa do país e berço da milícia no Rio — segue sob domínio de paramilitares, apesar das investidas do tráfico.

Nesse contexto, a Secretaria de Segurança publicou resolução no Diário Oficial que cria um grupo de trabalho por 60 dias, prorrogáveis por mais 60, para conduzir, elaborar e monitorar o plano de recuperação territorial.

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Publicado em 6 de novembro de 2025 às 11:54

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