Depois da aprovação do PL Antifacção, o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) anunciou uma entrevista coletiva, mas não respondeu a perguntas. Em vez disso, leu um discurso preparado, elogiou Tarcísio de Freitas e o ex-presidente Jair Bolsonaro, e atacou o governo.
Secretário de Segurança Pública licenciado de São Paulo, Derrite discursou por várias páginas, enalteceu o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e exaltou seu chefe no estado.
"Eu preciso agradecer ao governador Tarcísio. Foi ele quem me deu a oportunidade de me licenciar da Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo para assumir aquilo que o povo paulista me entregou, o meu mandato parlamentar e continuar lutando contra o crime organizado também aqui no parlamento. E aqui uma ressalva especial, agradeço muito a oportunidade de poder trabalhar ao longo desses três anos, com um gestor idealista, competente, inteligente, da qualidade do governador Tarcísio de Freitas", declarou.
Ele também disse que ocupa o cargo de secretário porque Tarcísio lhe confiou a missão e porque o presidente Jair Messias Bolsonaro "confiou a missão do Ministério da Infraestrutura a um jovem técnico e preparado".
Derrite defendeu seu relatório e afirmou não ter sido procurado por integrantes do governo durante as negociações. Ainda assim, se reuniu com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Manoel Carlos, que foi à Câmara apresentar preocupações técnicas da pasta. Também havia pedido de reunião da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o próprio Derrite, rejeitado pelo relator.
Líderes partidários da Câmara viram no apoio de Tarcísio a Derrite para a relatoria uma tentativa de cacifá-lo para eventual sucessão no Palácio dos Bandeirantes, caso o governador dispute um projeto nacional no ano que vem.
A escolha desagradou ao governo, que viu politização do projeto e uma tentativa de "sequestro de autoria" pelo grupo do principal nome apontado para se opor ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas no ano que vem.
Ao longo da discussão, Hugo Motta e Derrite evitaram declarações políticas. Após a aprovação, porém, o secretário buscou dividir a vitória com o governador de São Paulo.
Motta afirmou que, no debate do projeto, não existiram heróis e vilões. "Os lados políticos podem até fazer valer suas narrativas, mas nunca podemos esquecer que o verdadeiro vilão é o crime organizado", disse. Ele reforçou que "a função do parlamento não é carimbar um projeto e passar adiante".

