Lula acende alerta: Acordo de Paris ainda longe da meta
Notícias
📅 08/11/2025

Lula acende alerta: Acordo de Paris ainda longe da meta

No último dia da Cúpula do Clima em Belém, Lula cobrou ações imediatas para manter a meta de 1,5º C, defendeu NDCs mais fortes, financiamento anual de US$ 1,3 trilhão, taxação de super-ricos e a criação de um Conselho do Clima na ONU.

Carregando anúncio...
Compartilhar:
Ronny Teles

Ronny Teles

Combatente pela democracia

No encerramento da Cúpula do Clima em Belém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo para que líderes mundiais reafirmem o compromisso com o Acordo de Paris, que completa 10 anos, e acelerem a ação climática.

"O mundo ainda está distante de atingir o objetivo do Acordo de Paris. O acordo se baseia no entendimento de que cada país fará o melhor que estiver ao seu alcance para evitar o aquecimento de 1,5º C. O que nos cabe perguntar hoje é: estamos realmente fazendo o melhor possível? A resposta é: ainda não".

Lula destacou que América Latina, Ásia e África correm maior risco de se tornarem inabitáveis nas próximas décadas, com o possível desaparecimento de ilhas no Caribe e no Pacífico pelo aumento do nível do mar.

"Omitir-se é sentenciar novamente aqueles que já são os condenados da Terra".

Ele defendeu a revitalização das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), com metas mais ambiciosas e abrangentes.

"Cem países, representando quase 73% das emissões globais, apresentaram suas Contribuições Nacionalmente Determinadas. Em sua maioria, as novas NDCs avançaram ao abranger todos os setores econômicos e todos os gases de efeito estufa. Mas o planeta ainda caminha para um aquecimento de cerca de 2,5º C. No que depender do Brasil, Belém será o lugar onde renovaremos nosso compromisso com o Acordo de Paris".

Para além de implementar o já acordado, o presidente disse ser necessário adotar medidas adicionais que fechem a lacuna entre a retórica e a realidade.

Veja vídeo:

Lula adiantou que o Brasil vai propor que a COP na Amazônia reconheça o papel dos territórios indígenas e das comunidades tradicionais, e as políticas de proteção, como instrumentos de mitigação climática.

No financiamento, citou o Mapa do Caminho Baku-Belém, que busca alternativas para chegar a US$ 1,3 trilhão por ano destinados à mitigação e à adaptação.

"Hoje, só uma pequena parcela do financiamento climático chega ao mundo em desenvolvimento. A maioria dos recursos ainda é oferecida sob forma de empréstimo. Não faz sentido ético ou prático demandar a países em desenvolvimento que paguem juros para combater o aquecimento global e fazer frente ao seus efeitos. Isso representa um financiamento reverso, fluindo do Sul para o Norte global".

Ele defendeu instrumentos de troca de dívida por ação climática e afirmou que enfrentar a crise do clima deve ser visto como investimento, não gasto.

Ao lembrar a concentração de riqueza nas últimas décadas, Lula defendeu a taxação de grandes fortunas para financiar a transição.

"Segundo a Oxfam, o indivíduo pertencente ao 0,1% mais rico do planeta emite, num único dia, mais carbono do que os 50% mais pobres da população mundial durante o ano inteiro. É legítimo exigir dessas pessoas uma maior contribuição. O imposto mínimo sobre as corporações multinacionais e a tributação do patrimônio de super-ricos podem gerar recursos valiosos para ação climática".

Ele também apontou que mercados de carbono podem se tornar fonte de receitas públicas, se ganharem escala e adotarem parâmetros comuns entre os países.

Lula voltou a defender a criação de um Conselho do Clima no âmbito da ONU e insistiu no multilateralismo como caminho para resultados.

"Faço um chamado a todos vocês. Não existe solução para o planeta fora do multilateralismo. A Terra é única, a humanidade é uma só, a resposta tem que vir de todos para todos. Em vez de abandonar a esperança, podemos construir juntos uma nova era de prosperidade e igualdade".

A Cúpula do Clima termina em Belém e antecede a COP30, que ocorrerá de 10 a 21 de novembro na capital paraense, com a participação de chefes de Estado, líderes de governo e representantes de alto nível de mais de 70 países, além de uma centena de delegações estrangeiras.

1visualizações
Compartilhar:
Carregando anúncio...

Publicado em 8 de novembro de 2025 às 13:19

Notícias Relacionadas

Nenhuma notícia encontrada.