A Cúpula de Líderes da COP30 começa hoje, em Belém, sob liderança de Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro, que vai até amanhã, abre as negociações da conferência do clima da ONU, cujos debates seguem até 21 de novembro. A prioridade brasileira é ampliar o financiamento climático e viabilizar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), com foco na preservação dos biomas.

Na véspera, Lula dedicou o dia a reuniões bilaterais no Museu Paraense Emílio Goeldi com chefes de Estado e representantes de organismos internacionais. Estiveram na agenda Sidi Ould Tah (Banco Africano de Desenvolvimento), Denis Sassou N'Guesso (República do Congo), Alexander Stubb (Finlândia), Azali Assoumani (Comores), Jennifer Geerlings-Simons (Suriname) e Xiomara Castro (Honduras), além de James Marape (Papua-Nova Guiné), Ursula von der Leyen (Comissão Europeia) e Ding Xuexiang (Conselho de Estado da China).

O presidente da França, Emmanuel Macron — que chegou à Bahia e segue hoje para Belém — tem encontro marcado com Lula, com quem mantém relação de amizade. Outros encontros bilaterais ocorrerão ao longo do fim de semana.

Segundo Lula, 53 líderes internacionais participam da COP30. Ele recepciona as delegações na Zona Azul, onde ocorrem as negociações oficiais. A abertura da Plenária Geral está prevista para as 10h30, com discurso do brasileiro. Haverá ainda sessões sobre florestas e oceanos, transição energética e financiamento climático, além da tradicional "foto de família".

No almoço com líderes, Lula lança o TFFF. A meta é arrecadar US$ 25 bilhões de países desenvolvidos, com previsão de US$ 10 bilhões até o fim do ano. O Brasil já aportou US$ 1 bilhão e busca ampliar a adesão de parceiros.

"Ressaltei que o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre, que lançaremos na Cúpula de Líderes da COP amanhã (hoje), é uma grande oportunidade para os países africanos garantirem recursos para preservar esse ecossistema, sem que precisem esperar doações dos países desenvolvidos", disse Lula, após encontro com Sidi Ould Tah, do BAD. "O presidente Stubb destacou que 70% do território da Finlândia é coberto por florestas e se comprometeu a analisar o TFFF. Reiterou, ainda, seu apoio à realização da COP30 em Belém", frisou.

Em paralelo à agenda climática, Lula decidiu participar a partir de domingo da Cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia, na Colômbia, diante da escalada de tensões entre Estados Unidos e Venezuela.

Até o momento, forças militares dos EUA atacaram 16 barcos na costa venezuelana, supostamente tripulados por narcotraficantes — são mais de 60 mortos. O presidente Donald Trump enviou o maior porta-aviões da armada norte-americana para o Caribe e autorizou a CIA a realizar operações, inclusive letais, contra o governo de Caracas.

A pressão militar preocupa líderes da região. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, divulgou vídeo em que Lula critica a presença dos EUA. "Nem invasão nem violação de direitos humanos na luta contra o narcotráfico", afirmou.

Petro tem feito duras críticas a Trump e foi acusado pelo norte-americano de "líder do tráfico internacional de drogas". Os EUA também impuseram sanções econômicas a ele e à esposa, em resposta. Outros chefes de Estado, embora críticos, adotaram tom mais ameno.

A reunião da Celac desta vez estará esvaziada. A organização conta com 12 chefes de Estado e de governo confirmados. Vários não comparecerão para evitar atritos com Trump.

Enquanto isso, em Belém, o governo brasileiro busca consolidar compromissos financeiros robustos para proteger as florestas e acelerar a transição energética, reafirmando o papel de Lula na articulação internacional por resultados concretos na COP30.