Durante sua estadia em Belém, no Pará, onde participa dos preparativos para a COP30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta terça-feira (4) a operação policial realizada no Rio de Janeiro na semana anterior, que resultou na morte de 121 indivíduos, entre eles quatro agentes de segurança. Ele classificou o episódio como uma "matança" e defendeu a inclusão de peritos da Polícia Federal nas investigações.
A ação, conduzida pelo governo estadual do Rio em 28 de outubro, teve como alvo a organização criminosa Comando Vermelho nas regiões dos complexos do Alemão e da Penha, tornando-se o confronto mais mortal já registrado no estado.
Em coletiva à imprensa, Lula destacou a distância entre a decisão judicial e o desfecho da operação: "Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação. Porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança, e houve matança".
Segundo o presidente, o governo federal busca viabilizar a participação de peritos da PF na análise das circunstâncias das mortes. O Supremo Tribunal Federal agendou para esta quarta-feira (5) uma sessão específica para discutir o ocorrido.
Lula afirmou: "Nós estamos tentando essa investigação. Inclusive estamos tentando ver se é possível os legistas da policia federal participarem do processo de investigação da morte, como é que foi feito, porque tem muitos discursos, tem muita coisa".
Ele também ressaltou a importância de esclarecer os fatos para além das narrativas oficiais: "Eu acho que é importante a gente verificar em que condições ela [a operação] se deu, porque até agora nós temos uma versão contada pela policia, contada pelo governo do estado e tem gente que quer saber se tudo aquilo aconteceu do jeito que eles falam ou se teve alguma coisa mais delicada na operação".
Ao avaliar os impactos, Lula disse: "O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa". Ao cobrar transparência e perícia independente, o presidente reforçou a necessidade de apuração rigorosa.
