PF mira infiltração do crime no RJ e aliado de Castro; elo passa por indicado de Flávio Bolsonaro
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📅 06/11/2025

PF mira infiltração do crime no RJ e aliado de Castro; elo passa por indicado de Flávio Bolsonaro

Por ordem de Alexandre de Moraes, a PF abriu inquérito sobre infiltração de facções e milícias no Estado. A prisão de Alessandro Pitombeira, ex-subsecretário do governo Cláudio Castro, expõe uma rede que alcança a Alerj e nomes ligados a Flávio Bolsonaro.

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Ronny Teles

Ronny Teles

Combatente pela democracia

O ministro Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal investigue o crime organizado no Rio de Janeiro, com foco na infiltração de facções e milícias no aparato estatal e na lavagem de dinheiro.

A decisão veio após uma megaoperação do governo Cláudio Castro que resultou em 121 mortes nos complexos da Maré e da Penha. Moraes requisitou imagens das ações para checar eventual abuso policial, defendeu o controle externo pelo Ministério Público e manteve a PF no comando do rastreamento financeiro das facções.

Nesse contexto, o governador poderá ser cobrado a explicar a indicação de Alessandro Pitombeira para seu secretariado. Ele assumiu a Secretaria de Esporte e Lazer em 13 de abril de 2022.

Posteriormente, Pitombeira ocupou o cargo de subsecretário de Estado de Defesa do Consumidor e se afastou em janeiro de 2025, afirmando que pretendia voltar a advogar.

O advogado está preso por sua articulação com criminosos do Comando Vermelho.

No início de setembro, uma ação conjunta da PF, Polícia Civil e Ministério Público do Rio prendeu o deputado estadual TH Joias, o advogado, o delegado federal Gustavo Steel e o traficante Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, além de outros investigados.

Thiego Raimundo dos Santos Silva ganhou o apelido por desenhar joias milionárias, vendidas a personalidades como Neymar e Vinicius Junior.

Candidato a deputado estadual, obteve apenas 15 mil votos, ficou na suplência e só assumiu o mandato após Rafael Picciani, do MDB, ser indicado para a Secretaria de Esporte do governo Castro.

TH Joias conseguiu um habeas corpus para exercer o cargo na Alerj enquanto recorria em liberdade de condenação por tráfico de drogas de quase 15 anos, dos quais cumpriu 10 meses.

"O parlamentar utilizava o mandato para favorecer o crime organizado", informou a Polícia Civil do Rio.

Ele foi preso em um condomínio na Barra da Tijuca, acusado de repassar informações, lavar dinheiro do Comando Vermelho e vender equipamentos a diferentes facções, como o Terceiro Comando Puro e Amigos dos Amigos.

TH também indicou comparsas para cargos de assessoria na Alerj, entre eles Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu, preso por importar equipamentos antidrone proibidos por lei em ao menos oito ocasiões.

Ao cumprir mandado de busca, a PF encontrou fotos de TH deitado em uma cama com R$ 5 milhões em dinheiro, que seriam do traficante Índio.

Em um áudio de 2024, ao responder ao traficante, TH afirmou: "Seu pedido é uma ordem. Eu trabalho pra você".

A Operação Zargun também localizou cenas íntimas do deputado com o traficante, aparentemente em uma casa do Complexo do Alemão.

Expulso do MDB no dia da prisão, TH foi citado por Cláudio Castro, que declarou: "A lei vale para todos".

Aliados descrevem a relação de TH com Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj, como "unha e carne". Bacellar, aliado de Castro, teria atuado para que TH não fosse impedido de assumir o mandato. Nas redes, já chamou o deputado de "irmão".

O próprio TH publicou: "No trabalho, somos comprometidos com nossas ações. Mas, graças a Deus, podemos viver momentos de descontração que fortalecem nossa amizade."

Acusado de ser comparsa de TH, Alessandro Pitombeira, então subsecretário de Defesa do Consumidor, teria atuado diretamente para ajudar o Comando Vermelho, segundo o superintendente da PF no Rio, Fábio Galvão: "Há um episódio da investigação que mostra quando uma unidade do Batalhão de Choque foi instalada na Gardênia, comunidade da Zona Oeste do Rio. Essa base atrapalhava o CV. O subsecretário recebeu uma ligação do TH, depois que ele havia falado com o Índio, e fez uma ingerência para retirar o batalhão de lá. Os criminosos conseguiram se infiltrar na polícia e na Assembleia Legislativa."

Ele teria recebido R$ 90 mil pelo "favor".

Em entrevistas após as prisões, o governador disse não acreditar na infiltração do crime organizado no aparato estatal.

Depois da megaoperação, circularam fotos de Castro sorridente ao lado de TH. A trajetória de Pitombeira segue no radar: foi secretário municipal de Ordem Pública na gestão de Marcelo Crivella, em 2020, e ganhou status no governo estadual.

Como subsecretário de Defesa do Consumidor, ele atuava sob Gutemberg de Paula, indicado pelo senador Flávio Bolsonaro para cargos nos governos Crivella e Castro. Bolsonaro negou proximidade com o advogado: "Se estive com ele duas vezes na vida, foi muito".

Quando advogado, Pitombeira se destacou na defesa de milicianos.

Enquanto isso, a PF centraliza a investigação macro para sufocar financeiramente facções e milícias, premissa apontada como essencial para reduzir a violência no Rio.

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Publicado em 6 de novembro de 2025 às 13:27

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