Silvio Grimaldo, olavista e aliado do clã Bolsonaro, voltou a constranger Eduardo Bolsonaro nas redes após o deputado afirmar que Tarcísio de Freitas é "o candidato do sistema".
A tensão cresceu em meio à crise aberta por Carlos Bolsonaro, lançado pelo pai ao Senado por Santa Catarina. Para responder às críticas internas, Eduardo gravou um vídeo de 37 minutos atacando a deputada estadual Ana Campagnolo.
A parlamentar rebateu dizendo que Eduardo "espera obediência em todas as propostas da família" e questionou: "mas você contrariou seu pai quando foi ventilada a hipótese dele lançar o Tarcísio à Presidência. E talvez ele lance. Como vai ser? Por que você pode manifestar sua contrariedade e os outros aliados não?".
No vídeo, Eduardo foi direto ao falar de Tarcísio: "Campagnolo, o Tarcísio é o candidato do sistema, é o cara que o Moraes quer, que gostaria que fosse eleito, porque ele ainda viria com apoio de Jair Bolsonaro".
A fala escancarou a disputa pela candidatura anti-Lula e reacendeu acusações de conluio da chamada "terceira via" em torno do governador paulista.
Grimaldo resgatou a eleição municipal de 2024, quando Jair Bolsonaro avalizou o acordo do PL para apoiar Ricardo Nunes em São Paulo.
Ele lembrou: "Em 2024, Ricardo Nunes gravou um vídeo apoiando a candidatura de Joyce Hasselmann para vereadora por São Paulo. Nunes era o candidato da família Bolsonaro. Joyce, a arqui-inimiga da família, com um ódio todo especial ao Eduardo, desde da época em que a treta entre ambos pela liderança do PSL na câmara rachou o partido. É claro que Nunes foi criticado, e a base de eleitores ficou balançada, afinal, Nunes, que já tinha feito foto com Dória, agora impulsionava Joyce, revelando-se um grande traíra".
Segundo Grimaldo, Eduardo se aproximou de Nunes e conduziu uma entrevista para abafar a crise com Joyce, buscando segurar a base bolsonarista na capital.
Ele cravou: "Só Eduardo poderia limpar aquela mancha e garantir o voto bolsonaristas, cujo 1/3 já havia migrado para Pablo Marçal".
Para o olavista, a aliança ia muito além de um acordo pontual.
"Ele é O sistema. Nunes representava todo o grupo que está preparado para tomar o poder em 26: Tarcísio, Temer, Kassab, Baleia Rossi e, claro, o próprio Moraes", disse.
Grimaldo também afirmou que Eduardo foi o principal articulador do clã dentro desse arranjo, que agora ele critica.
"Veja, Nunes não era apenas o candidato de Tarcísio, que Eduardo agora acusa de ser do sistema, como se um anos atrás, poverino (SIC), ele não soubesse de nada, nem imaginava quem fosse Tarcísio, não, Nunes era o candidato da putada toda, que agora Eduardo FINGE combater, mas com quem ele e seu pai e seus irmãos fizeram acordo em 24. E verdade seja dita, nem Jair se empenhou tanto na eleição de Nunes e na destruição de reputações de quem ousava lhe fazer oposição quanto Eduardo".
Para ele, o peso de Eduardo foi decisivo no resultado em São Paulo.
"Foi Eduardo, praticamente sozinho, que garantiu os votos bolsonaristas para sistema em São Paulo. Ele é o poster boy de Nunes, de Tarcísio, de Temer, de Kassab, etc. Não houve cabo eleitoral em São Paulo mais dedicado do que ele", declarou.
Em tom irônico, Grimaldo disse que Eduardo hoje tenta se reposicionar politicamente, enquanto teria recebido promessa de vaga ao Senado ao migrar sua base para São Paulo.
"Eduardo que não é bobo, aceitou o emprego", ironizou. "Ah, mas e a militância, e os bomsonaristas? Essa turma a gente enrola. A gente manda, eles obedecem, como ele deixou bem claro ontem".
Na visão do olavista, a eleição de Ricardo Nunes foi um "ensaio" do que o grupo pretende repetir em 2026, num palanque anti-Lula.
"Apesar das piruetas retóricas de Eduardo e dos ataques do baixinho da Kaiser [NR.: Paulo Figueiredo] ao Jair, ele e a família, seu pai, seu irmão, o magrelo de Balneário, Michelle e Augustin, todos eles vão apoiar, fazer campanha e defender a eleição do candidato do sistema, do candidato de Tarcísio e Kassab e Temer e STF, seja ele quem for, seja Tarcísio, Ratinho ou qualquer outro que aparecer".
