O Enem 2025 terá suas primeiras 90 questões e a redação aplicadas no domingo, 9 de novembro, e a expectativa em torno do tema da dissertação cresce entre os mais de 4,8 milhões de inscritos. A redação vale até mil pontos e é considerada decisiva.
Na reta final, professores de diferentes regiões do país indicam tendências e oferecem orientações práticas para organizar o estudo e chegar ao dia da prova com segurança.
A professora Thaiane Espíndola, do Colégio Qi, do Rio de Janeiro, vê alta chance de a proposta abordar os impactos da exposição excessiva de crianças e jovens à internet na formação da identidade.
— Em uma sociedade marcada pela hiperconectividade e pela cultura da exposição, discutir os impactos da presença excessiva de crianças e jovens na internet é fundamental — avalia. — Como tradicionalmente o Enem propõe temas que apresentam relevância social, seja ao nível nacional, seja global, pensar a relação da juventude com a internet e os efeitos desse contato intenso na formação do indivíduo revela-se de extrema relevância.
O presidente Lula visitou a sala de monitoramento do Enem.
Já o professor Daniel Oliveira, do carioca Matriz Educação, aposta em uma discussão sobre os desafios para enfrentar os impactos das mudanças climáticas no Brasil.
— Considerando a tradição de temas com amplo olhar social, seja no âmbito nacional ou mundial, e tendo em voga o quão danosas as mudanças climáticas têm sido para todos os povos, além do fato de o Brasil ser a sede da COP30, falar sobre os impactos gerados por tais mudanças torna-se urgente — analisa.
Em Porto Alegre, o professor Lucas Neves, do Colégio Leonardo da Vinci, acredita que o exame pode propor uma reflexão sobre a formação docente no país.
— A criação da Carteira Nacional Docente, instituída em 2025, representa uma tentativa importante de regulamentar e valorizar a profissão — aponta. — Além disso, o país corre o risco de enfrentar um "apagão de professores", uma realidade em que a escassez de profissionais qualificados e a evasão crescente de educadores das salas de aula comprometem a qualidade do ensino.
Também na capital gaúcha, Ávila Oliveira, coordenador de redação do Colégio Unificado, vê espaço para um enfoque no capacitismo e na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
— Nos últimos anos, o debate sobre o capacitismo, forma de discriminação que desvaloriza pessoas com deficiência e limita sua participação social, tem ganhado relevância e evidenciado a necessidade de transformar não apenas estruturas físicas, mas também mentalidades — afirma. — Discutir a efetiva inclusão das pessoas com deficiência no mundo do trabalho é refletir sobre o compromisso do país com a diversidade, a justiça social e a dignidade humana, princípios caros às temáticas tradicionalmente abordadas pelo Enem.
Para Thiago Braga, professor do Colégio pH e autor do Sistema pH de Ensino, mais do que adivinhar o tema, o foco deve ser a capacidade de articular conhecimentos, refletir sobre a realidade e propor intervenções coerentes com o perfil da prova.
— Observamos que o exame privilegia temas ligados à cidadania, direitos humanos e questões sociais brasileiras de caráter estrutural, muitas vezes relacionados a grupos vulneráveis e à busca por soluções éticas e inclusivas — aponta.
O professor de Português Alan Soares Delgado, do Colégio Imaculado Coração de Maria (RJ), recomenda intensificar a prática escrita e consolidar repertório nas semanas finais.
— Nos últimos 15 dias de preparação, o foco deve estar em praticar a escrita em simulados de redação — aponta. — Também é interessante ler as redações nota 1000 dos anos anteriores e buscar entender o porquê foram bem avaliadas.
Na avaliação de Cristiane Imperador, coordenadora pedagógica do ensino médio do Colégio Espírito Santo, em São Paulo, o Enem tem priorizado temáticas sociais e de cidadania.
— As provas recentes mostram que o exame privilegia temas sociais que envolvem cidadania, direitos humanos e valorização da diversidade — diz. — Assuntos contemporâneos, como o impacto das tecnologias e os desafios da saúde mental, também podem ser abordados, pois reforçam o interesse em estimular o pensamento crítico.
Segundo especialistas, outras possibilidades para a redação incluem "direito à moradia digna e à cidade", "Valorização da cultura periférica nos museus" e "Educação socioambiental e justiça racial".
