O Tribunal Superior Eleitoral leva, em média, 609 dias para concluir um processo. Às vésperas de novo pleito, ainda há mais de 700 ações de 2022 em tramitação, o que amplia a pressão por decisões e alimenta disputas políticas.
Nesta semana, o TSE iniciou o julgamento que pode cassar o mandato do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), acusado de se beneficiar de distribuição de cargos em troca de apoio político. Um pedido de vista interrompeu a análise, e a conclusão deve ficar para 2026.
O caso veio à tona quatro meses antes da eleição de 2022. Segundo a acusação, dois órgãos estaduais teriam sido usados para contratar 27.000 pessoas como cabos eleitorais. O TRE-RJ absolveu Castro por 4 a 3, e o Ministério Público recorreu em agosto de 2024. A relatora no TSE, ministra Isabel Gallotti, votou pela condenação e afirmou que as contratações foram planejadas e orientadas "para a obtenção de vantagens eleitorais ilícitas". Em seguida, o ministro Antonio Carlos Ferreira pediu mais tempo. Aliado de Jair Bolsonaro, Castro já sinalizou que pretende disputar uma vaga no Senado. A data do julgamento foi marcada um dia após uma operação policial que deixou 121 mortos no Rio, coincidência que aliados do governador usaram para insinuar motivação política.
Outros governadores também aguardam desfecho: Antonio Denarium (PP-RR) tem um voto pela cassação, mas o caso foi paralisado por pedido de vista; Marcos Rocha (União Brasil-RO) foi absolvido, porém há recurso pendente; e o processo contra Mauro Mendes (União Brasil-MT) voltou à Justiça Estadual para produção de provas. Para especialistas, atrasos abrem espaço para disputa de versões. "A demora na conclusão dessas ações é ruim e, como a sociedade está muito polarizada, acirra uma guerra de narrativa", diz Anne Cabral.
As ações podem levar à cassação de mandatos e à inelegibilidade por até oito anos. Com aliados de Bolsonaro no centro das acusações e os julgamentos caminhando para o ano eleitoral, o TSE corre contra o tempo para reduzir a instabilidade jurídica.

