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‘Ninguém é acima da lei’, diz delegado pioneiro LGBT+ no Distrito Federal

A polícia tem a importante missão de ser aliada na defesa dos direitos humanos, pontua Anderson Cavichioli, o primeiro delegado gay assumido do Distrito Federal e integrante ativo da Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBT, um grupo que conta com 150 membros.

O delegado Anderson Cavichioli, 49 anos, atuante na Delegacia Especializada de Assistência à Mulher (Deam), em Ceilândia, maior região administrativa do Distrito Federal, é o primeiro policial assumidamente homossexual na capital. “Eu respeito todas as pessoas. Portanto, também exijo respeito”, afirmou à Agência Brasil.

Com cinco anos de carreira policial e formação em direitos humanos, Cavichioli tem o compromisso de trabalhar por uma instituição mais inclusiva e não violenta. Após o concurso da Polícia Civil do DF, juntou-se à Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBT, um grupo que começou com apenas cinco membros e hoje conta com 150 agentes de segurança pública em todo o país.

O delegado reconhece que a homofobia nem sempre é flagrante, mas pode se esconder sob outras formas, como a limitação de oportunidades de crescimento na carreira. Ele participou até 10 de novembro do Encontro Nacional dos Conselhos LGBTQIA+, apresentando um trabalho reconhecido por várias entidades e grupos de defesa de direitos humanos.

Desde o início de sua carreira na polícia, Anderson sempre se identificou como gay. Apesar de a instituição ainda apresentar práticas homotransfóbicas, ele acredita que está mudando para melhor. Ele ajudou a ressurgir a Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBT, que existia desde 2010, mas não estava formalizada.

Além das ações da rede, hoje há um protocolo de atendimento às pessoas LGBTQIA+ pelas forças policiais. Anderson também é conteudista da Secretaria Nacional de Segurança Pública e realizou o primeiro curso no Brasil para atendimento policial de pessoas LGBT. Ele acredita na necessidade de informar e educar as forças de segurança sobre como lidar com a população LGBT, incluindo a atuação no sistema prisional do DF.

Para o delegado, a polícia deve ser promotora de direitos humanos. A violência institucionalizada que perseguiu grupos vulneráveis no passado, principalmente durante a ditadura militar, deve ser substituída por uma ação policial que considera a dignidade de todos. Ele também relata episódios de discriminação e homotransfobia no ambiente de trabalho, mas ressalta o compromisso com o respeito e a defesa dos direitos humanos.

Sua maior conquista é mostrar que polícia e direitos humanos não são antagônicos, mas complementares para uma sociedade democrática. Seu desejo é que a polícia seja cidadã, respeite os direitos humanos e atue de acordo com protocolos de atendimento à população.

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