O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou não compreender a dimensão do impasse criado em torno de Jorge Messias para o Supremo. "Não sei porque foi transformado em um problema político", disse.

Lula indicou o advogado-geral da União, Jorge Messias, em 20 de novembro, para a vaga aberta após o pedido de aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, horas antes de embarcar em viagem internacional.
O anúncio gerou mal-estar com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que disse não ter sido avisado previamente e defendia o nome do senador Rodrigo Pacheco para a vaga.
Depois da indicação, Alcolumbre marcou a sabatina de Messias para 10 de dezembro, mas o governo ainda não enviou a mensagem oficial ao Congresso que formaliza a escolha.
Sem a comunicação formal, a sabatina não pode ocorrer. A preocupação no governo era que Messias não tivesse tempo hábil para conversar com parlamentares e garantir os 41 votos necessários entre os 80 senadores. Com a demora, Alcolumbre cancelou a sabatina na terça-feira (2).
Questionado sobre a tensão política, Lula disse "não entender o porquê da polêmica em torno da escolha".
O presidente reforçou que o rito é conhecido e previsto em lei. "Não é o primeiro ministro que eu indico. Eu já indiquei oito ministros. Eu simplesmente escolho uma pessoa, mando para o Senado, e o Senado, então, faz um julgamento para saber se a pessoa está qualificada ou não", afirmou.
Sem a mensagem enviada pelo Executivo, o Senado não consegue analisar a indicação no cronograma anunciado por Alcolumbre e pela CCJ.
Em comunicado a senadores, Alcolumbre classificou a demora do governo em formalizar a indicação como "grave e sem precedentes".
Com histórico de indicações e defesa do processo institucional, Lula mantém o nome de Messias enquanto a articulação política busca construir maioria no Senado.

