A CPI do Crime Organizado vai investigar o planejamento e o objetivo da Operação Contenção, deflagrada pelo governo do Rio de Janeiro para oficialmente conter a expansão do Comando Vermelho, que resultou em 121 mortos.
O colegiado iniciou os trabalhos na última terça-feira 4, com a presidência do senador Fabiano Contarato (PT-ES) e relatoria de Alessandro Vieira (MDB-SE), responsável por conduzir a apuração e propor medidas como indiciamentos e projetos de lei.
No primeiro dia, a CPI aprovou convites a diversos governadores, entre eles o do Rio, Cláudio Castro (PL). Em entrevista, Vieira afirmou que a operação executada na capital fluminense em 28 de outubro exige esclarecimentos ainda não apresentados, especialmente sobre seu objetivo.
"O Estado escolhe o momento e a forma como o confronto vai acontecer. Escolheram a forma de confronto aberto com alta letalidade", disse o senador. "Já convidamos os técnicos da segurança pública e o governador para explicar o planejamento por trás disso e aonde eles querem chegar com essa operação. Ainda é uma pergunta sem resposta."
O relator considerou "prematura" a classificação das mortes como execuções, afirmando que dados demonstram confronto real. Se esse enfrentamento foi responsável por 121 mortes, ponderou, apenas uma apuração competente poderá demonstrar.
Ele também afirmou que a operação não resolve o problema representado pelo Comando Vermelho. "Esses soldados do crime que morreram são repostos rapidamente. O prejuízo financeiro é reparado em questão de dias ou semanas. E você fica sem uma consequência concreta da operação, salvo as mortes."
Segundo Vieira, as metas da CPI são desmistificar a segurança pública, traçar um diagnóstico completo da realidade brasileira e encaminhar soluções "constitucionais, seguras e viáveis" para alterar a realidade dos cidadãos.
"A segurança pública é complexa, mas não tem segredos. Sabemos, tecnicamente falando, o que funciona e o que não funciona. Só que os tomadores de decisão — secretários, governadores, ministros, presidente — normalmente não acessam essas informações, e seguem o que mandam o senso comum e a pressão política."

