Pacheco é o preferido de seus colegas para a vaga no Supremo, mas, em conversa na segunda-feira, o presidente sinalizou preferência por Messias. O senador via como reservado pelo Planalto o posto de candidato ao governo de Minas Gerais, porém repetiu que pretende encerrar a vida pública ao fim do mandato, em 2026.
Na visão de auxiliares, se Pacheco saísse do encontro com acordo para disputar o governo mineiro, passaria aos senadores que defendem seu nome para o Supremo a ideia de cenário pacificado. Como isso não ocorreu, avalia-se que as resistências a Messias podem se acirrar.
Caso Messias seja indicado, terá de ser sabatinado pela CCJ do Senado e aprovado por pelo menos 41 votos em plenário. As únicas três vezes em que a Casa barrou nomes foram em 1894, na Primeira República, durante o governo de Floriano Peixoto.
Na semana passada, a recondução do PGR Paulo Gonet por 45 a 26 acendeu um alerta em aliados do governo. Foi o placar mais apertado desde a redemocratização e serve de termômetro para a próxima sabatina.
Ontem, o presidente esteve em Belém em reuniões sobre a COP30. Hoje, fica pela manhã em Brasília e viaja à tarde para São Paulo, onde participa da abertura do Salão do Automóvel. De lá, embarca para a África do Sul, com retorno na terça-feira; a agenda inclui visita a Moçambique.
De acordo com aliados, Lula foi ao encontro com Pacheco esperando que ele aceitasse ser seu candidato em Minas no ano que vem. Mesmo com a preferência ampla dos senadores por Pacheco, já manifestada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, em 20 de outubro no Alvorada, o presidente não se mostra disposto a rever a decisão de indicar Messias.
Na conversa, segundo aliados, Lula disse a Pacheco que havia outro caminho que não ele ao STF, reforçando o movimento pela indicação de Messias.
Um mês após a aposentadoria de Luís Roberto Barroso, o processo atual já é o quarto mais demorado dos três mandatos de Lula. A espera repete a tendência recente: Flávio Dino foi indicado após 58 dias e Cristiano Zanin, após 51.
Depois deles, a mais demorada havia sido Carmen Lúcia, definida em 42 dias, em 2006. Os outros sete ministros indicados por Lula levaram menos de 20 dias até a indicação.

