Lula enfrenta pressão dos EUA e assume liderança em cúpula UE-Celac esvaziada
Notícias
📅 09/11/2025

Lula enfrenta pressão dos EUA e assume liderança em cúpula UE-Celac esvaziada

Em meio à mobilização militar americana no Caribe e a cancelamentos de última hora, Lula viaja à Colômbia para defender paz, soberania e cooperação regional, com foco no combate ao crime organizado.

Carregando anúncio...
Compartilhar:
Ronny Teles

Ronny Teles

Combatente pela democracia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou neste domingo para uma reunião de alto nível, embora esvaziada, entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia em Santa Marta, na Colômbia. O encontro ocorre em meio a tensão crescente na região, com mobilização militar dos EUA no entorno da Venezuela durante operações contra barcos supostamente ligados ao narcotráfico. A agenda começa com ausências notáveis e cancelamentos de última hora.

Realizada pela última vez em Bruxelas, em 2023, a cúpula UE-Celac deve durar até segunda-feira. Horas antes do encontro, observadores relataram pouca atividade diplomática entre os 27 países da UE e os 33 da Celac no centro de convenções do Hotel Estelar Santamar. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, cancelou sua participação de última hora, assim como o presidente uruguaio, Yamandú Orsi, entre outros.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que exerce o mandato pro tempore da Celac, denunciou nos dias anteriores à cúpula a pressão dos EUA — Washington retirou a certificação de Bogotá como aliada na luta contra as drogas e impôs sanções econômicas, alegando que ele não tem feito o suficiente no combate ao narcotráfico.

— [Essas ausências são um] claro sinal diplomático, motivado principalmente pelo desejo de evitar uma escalada das tensões com o presidente dos EUA, Donald Trump — afirma Alberto Rizzi, cientista político e pesquisador do Conselho Europeu de Relações Exteriores.

A cientista política colombiana Sandra Borda acredita que a "falta de planejamento" e a "improvisação excessiva" na organização da cúpula pela Colômbia também desanimaram muitos.

Trump declarou guerra a cartéis latino-americanos, que partem de barco de portos no Caribe e no Pacífico, a quem culpa pelo crescente consumo de drogas nos Estados Unidos. Petro critica os ataques contra embarcações supostamente ligadas aos grupos, que já deixaram quase 70 mortos.

A participação de Lula foi apontada como um ponto positivo, contrabalançando as desistências, e parte da imprensa internacional vê o presidente brasileiro como "um dos interlocutores mais importantes da região com a Europa". O encontro deve ter como eixo o combate ao crime organizado, considerando tanto os ataques a embarcações venezuelanas por militares americanos quanto a discussão sobre eventual classificação de facções brasileiras como organizações terroristas. Lula já havia dito que "a cúpula não tem sentido se não tratar dos barcos militares americanos em águas do Caribe" e decidiu ir pessoalmente a Santa Marta. A expectativa é que ele defenda que o Brasil não aceite enquadrar o crime organizado como terrorismo e sustente uma abordagem própria, centrada na soberania nacional e na cooperação regional autônoma.

Especialistas não esperam grandes acordos, mas a cúpula deve terminar na segunda-feira com uma declaração conjunta e pode dar novo fôlego ao acordo comercial entre a UE e o Mercosul. Apesar de divergências em temas como a guerra na Ucrânia, a América Latina e a Europa seguem como parceiras estratégicas na troca de tecnologias e matérias-primas.

10visualizações
Compartilhar:
Carregando anúncio...

Publicado em 9 de novembro de 2025 às 13:15

Notícias Relacionadas

Nenhuma notícia encontrada.