Segurança vira palanque: Lula cobra apuração e oposição tenta faturar
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📅 07/11/2025

Segurança vira palanque: Lula cobra apuração e oposição tenta faturar

Operação no Rio acirra disputa: governadores de direita fazem marketing da repressão, enquanto o governo Lula pede investigação, defende inteligência e envia o PL Antifacção. O Senado instala CPI do Crime Organizado.

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Ronny Teles

Ronny Teles

Combatente pela democracia

A operação contra o Comando Vermelho no Rio reativou a polarização. Parte da direita celebrou a incursão como demonstração de força, enquanto setores da esquerda condenaram o volume de mortes. Em meio ao clima eleitoral antecipado, cresce a cobrança por respostas efetivas para um problema que assombra vários estados: a insegurança, hoje a principal preocupação da população e tema certo nos palanques de 2026.

Com menos de um ano para a próxima eleição, a operação virou munição política. O governador Cláudio Castro elogiou a própria polícia, acusou omissão federal e prometeu novas ações. Ele se reuniu com Alexandre de Moraes e sustentou que a operação seguiu os regramentos do STF.

Governadores de direita anunciaram um "consórcio da paz", sem detalhar como funcionaria. Em videoconferência, Tarcísio de Freitas saudou a ação e cutucou Lula por uma fala anterior, mais tarde corrigida. Disse: "Não dá mais para tratar o criminoso como vítima. Criminoso não é vítima, o criminoso faz vítimas, tem aterrorizado os cidadãos de bem, cidadãos que o estado precisa proteger. Não agir seria covardia, seria rendição, e o estado do Rio de Janeiro agiu muito bem".

O governo federal respondeu em outra direção. Ricardo Lewandowski rebateu a crítica de falta de cooperação, afirmou que não foi avisado e disse que Lula estava "estarrecido" com o número de mortes. Guilherme Boulos pediu um minuto de silêncio "por todas as vítimas", e a Secretaria de Comunicação defendeu "mais inteligência e menos sangue" em vídeo impulsionado que passou de 100 milhões de visualizações.

Pesquisas mostraram apoio popular à ação: levantamento da AtlasIntel apontou 55% de aprovação geral e 87% entre moradores de favelas. Nas redes, monitoramento da Brandwatch indicou 69% de menções desfavoráveis a Lula, com recorrência da crítica de conivência (34%). Uma semana depois, o presidente se pronunciou.

Em Belém, durante a COP30, Lula cobrou apuração rigorosa e questionou a versão oficial da polícia fluminense: "Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação, porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão. Não tinha uma ordem de matança, e houve a matança. Acho bom especificar em que condições ela se deu".

No mesmo dia, o Senado instalou a CPI do Crime Organizado. A proposta estava parada por meses, com partidos resistindo a indicar membros. Agora, o tema ganha palco, embora o histórico recente de CPIs tenha sido mais de espetáculo do que de resultados práticos.

A comissão será presidida por Fabiano Contarato e relatada por Alessandro Vieira, ambos delegados. Disse Vieira: "Recentemente, eu e os senadores Contarato e Flávio Bolsonaro nos unimos para aprovar um projeto que endurece o tratamento do adolescente infrator. Esse assunto é um tabu, nós somos de partidos diferentes e a aprovação mostra que o consenso político é possível. Por enquanto, o palanque será deixado de lado". Governadores de estados-chave serão ouvidos, e Ronaldo Caiado já pediu para participar.

Três dias após a operação, o governo enviou ao Congresso o PL Antifacção, com pena de até 30 anos para líderes de organizações criminosas, regras para infiltração e medidas para asfixiar o financiamento das facções. Para Raul Jungmann, "O projeto dificulta a progressão das penas, endurece alguns conceitos e rompe com aquela visão idealista, que a esquerda tem, de que só a questão social é que gera bandido — e não é. Considero um avanço e uma oportunidade". O Congresso também deve discutir projetos como o que enquadra facções na Lei Antiterrorismo, texto ao qual o governo se opõe por abrir margem a intervenções externas.

Autor dessa proposta, Danilo Forte afirma que as facções já ultrapassam o crime comum. A PF frustrou em 2023 um plano do PCC contra Sergio Moro. Para Forte, "Nós estamos ameaçados de perder a soberania não para uma nação estrangeira, mas para o crime organizado". Com Lula cobrando investigação, priorizando inteligência e acionando o Legislativo, e com o Senado sob holofotes, há espaço para respostas concretas se o palanque der lugar à coordenação.

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Publicado em 7 de novembro de 2025 às 12:59

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